O ENSINO E O CIDADÃO EM FORMAÇÃO.
É fundamental que a nossa escola não
se separe do mundo actual: tecnológico, artístico, social, sobretudo humanista.
Estamos num patamar em que alguns
cidadãos “fogem” da escola, olham-na com aversão. Estamos “perto” do dia em que
iremos deixar de a conceber como o lugar, onde o cidadão em formação deve ir,
para receber as “ferramentas” intelectuais e práticas por forma a tornar-se
útil a si e à sociedade a que pertence, seguindo-se a sua utilidade social no
mundo global.
Ninguém é de geração espontânea! Todo o desenvolvimento
social, técnico e tecnológico é um somatório de teorias, comprovação das mesmas
ao longo dos anos, em beneficio de todos. Os currículos não são mais que esse
somatório e refinamento constante, de acordo com o evoluir da ciência e da
técnica.
A escola é um local privilegiado que
não pode ser levianamente tratado, transparecendo essa leviandade, em meras
circunstâncias económicas com carácter corporativo e nas instâncias
governativas, como local onde se ordena a criação de “terra queimada” sobre o
que estava, voltando a construir novas directivas, para que estas, agora e mais
tarde, voltem a ser queimadas na “fogueira politica”, seja, o que de bom estava
em prática.
Um educador não pensa na escola, pela escola.
Um educador não pode focar-se na vereda estreita de só ver o ensino. Um
educador que se preza de o ser não pode nunca afirmar que o ensino é o seu
mundo, sim que o ensino é parte indispensável do seu mundo. O educador tem que
ter uma clareza de espírito por forma a que as tarefas monótonas de
“secretariado” não o “humilhem” intelectualmente. Essas “esporas” criadas por
espíritos nada esclarecidos pedagogicamente, tornaram a tarefa do educador num
sistema duplo. O do ensino/formação, em que o educador/formador tem base
académica. Seja, cientifica e tecnologicamente capaz para a sua função e que,
aqui sim, deve dar o melhor que sabe para os seus formandos. A outra parte que
afinal lhe toma mais tempo sem proveito algum para o cidadão em formação, logo
para a sociedade em que se insere e que lhe paga para formar, e só, não é mais
que escrita, estatística, relatórios sem grande convicção e mapas de
classificações… tudo porque o tempo não é “muito”. E é verdade!
A perda da preparação de uma aula em
prol dos mapas e relatórios de turma vale e está a manter a baixa da qualidade
cientifica, pedagógica e didáctica de uma aula?
A existência de um funcionário
administrativo para “secretariar” o professor não seria lucro puro para o
aluno? Para todos nós? É que este funcionário iria secretariar uma boa dezena
de professores da escola e teria tempo ainda para outras tarefas.
Claro que o espírito “economicista”
de quem nunca soube fazer “contas”, levou a escola a baixar cada vez mais a
qualidade de ensino. A parte administrativa que o professor tem que fazer,
continuará a ser um arremedo organizativo para proporcionar com isso (intenção
dos “esclarecidos” senhores) uma atitude pedagógica à volta do aluno e para o
aluno. Não podemos permitir que gente que pensa “poupar”, desperdiça tempo,
dinheiro e baixa a qualidade do ensino. Como é possível ser-se “governante”
assim.
A “linguagem” a ter em agenda
governativa, neste momento, não é mais a das associações de professores, de pais,
ou de políticos que se encontram fora da barricada dos decisores, é sim a de
pedir esclarecimentos rapidamente às associações cientificas e pedagógicas dos
professores para a REFORMULAÇÃO COMPLETA DOS CURRICULOS de acordo com o mundo
tecnológico e cientifico actual. Veja-se o que a comissão nacional, ao tempo,
para o ensino fez e recomendou. Não se anule politicamente quando se não sabe
nem faz ideia nenhuma como se deve fazer. O ensino não pode ser tratado por
quem passou pelos bancos das universidades, simplesmente, sim por quem dedicou
a sua vida a essa tarefa!
Os senhores políticos deverão
limitar-se a fazerem contas sem desperdícios e a não truncarem o
desenvolvimento de um povo. Muitos são os que o fazem nas várias áreas da vida.
Um país que poucos recursos naturais tem, (e nada se pode explorar…) um país
que necessita de água armazenada em todo o território, mas logo vem uma
afirmação de génio sobre o possuirmos alguns insectos com algumas asas
“cromadas” e que com a acumulação de água, vamos criar alterações
“profundíssimas” no ambiente…
Bom, ou tomamos uma atitude séria sobre todas as decisões
destes “especialistas” e continuamos a tarefa de moldar para melhor tudo que se
herdou, acrescentando património de qualidade para os vindouros ou estamos à
beira do colapso como povo. Já somos refém de outras ideias/culturas, que se estão
a sobrepor às nossas ideias ancestrais e democracia criada a muito custo, com vidas,
territórios, riquezas… e nunca tirámos nada de ninguém… tal como somos povo
neste rincão.
Ora o preço a pagar por todas as
corrupções, desmandos, incompetências, que se deparam no nosso caminho, é pago
pelo povo que a cada “mudança de rumo sem nexo”, vai ter que andar anos para
conseguir normalizar o que já devia estar a ser mudado!
Dizia, assim, ao sabor de “líricos,
sem lírica” a escola leva a que o aluno não se interesse. Já sabemos o
porquê. Conseguimos absorver, sempre,
quando chegam, no inicio do mandato no ministério da educação, as teorias, mas
o que se vê, sempre, é o de pretenderem “ajeitar” o seu percurso social e
político e nós nunca vemos que a história de querermos alguém que seja o “competente”,
dizemos sempre: este é que sabe disto e vai mudar tudo para melhor, este tem
currículo e… sempre o mesmo fracasso porque o Ministério da Educação nunca pode
ser um ministro a pensar, sim numa vasta equipa de competentes a trabalhar
sobre o ensino.
Vamos continuar a dar
voz à nossa indignação, de forma ordenada e com objectivos. O de querermos a
evolução onde todos caibam. A escola é a base de todo o nosso processo de
modificação. É para ela que devemos dar a atenção primeira. Comecemos então.
Voz às associações profissionais do ensino, alterações curriculares, criação de
serviços administrativos para secretariarem o professor, exigência científica,
pedagógica e didáctica aos professores e por fim e só, alterações salariais se
o país comportar. Para já será o que o país poderá dar… se não quisermos e
saltarmos para a rua, então mudemos de profissão, talvez bombeiro sapador.
Que nenhum
funcionário público sinta, ao fim de cada dia de serviço, só porque cumpriu as
tarefas rotineiras, ter a ideia do dever cumprido!
Victor
Martins
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