terça-feira, 26 de agosto de 2025

 

FUI ÀS COMPRAS

 


Para estacionar, foi um caso sério, tantas pessoas nos locais de veraneio, mais propriamente, no meu caso, na costa vicentina. O supermercado onde fui, e normalmente vou, é enorme. O estacionamento automóvel está dividido por dois pisos, sendo o superior no nível da área comercial. Foi aí que consegui estacionar, mesmo com o sol a dardejar sobre a humilde chapa do meu meio de transporte, ainda por cima é de cor preta.

Bom… no meio de tantas pessoas… aí estava eu de cesto com rodas pela mão… rumo às prateleiras munido do respectivo memorando caseiro, o tal auxiliar de memória, onde se anotam (escreve, és um esquecido…) os “artigos” necessários  para casa. É que somos 14 pessoas, divididos por dois “AL”. Responsabilidade quase exclusiva dos “Entardecidos”… Ah, entardecidos somos, eu e a mulher. Não é meu hábito referir-me sobre os dois, como “cotas”, gíria africana, prefiro: “entardecido”. Muito mais “chic”… ah, e humorístico.

Na azáfama das compras, descobri um funcionário, com alguns “preçários luminosos”, na mão. Retirava um ou outro fixados nas prateleiras, junto aos produtos. Tirava e colocava, tirava e voltava a colocar novos. Pêlo que eu via e percebia, alguns preços de produtos estavam a ser mudados. Se calhar já não se viam bem e alguém reclamou… Mas, pensei, ligando os meus habituais “desconfiómetros”: “Isto só se faz depois da hora do fecho. Será que estavam produtos novos a serem descarregados, de camiões, nesta hora e tinha que ser tudo mudado? Se der sorte, tudo estava a ficar mais barato? Se assim era, abençoada gerência. A verdade é que só tive uma conversa de um casal como “base” da minha habitual desconfiança. Dizia o marido, penso que era:

- Manuela, juro-te que isto estava com um preço diferente. Eu tirei da prateleira e estava marcado por 4€99 e não 5€25. – Resposta da Manuela:

- É sempre o mesmo, nunca estás atento aos preços… como é que podia ser se eu li, agora mesmo, contigo ao lado, 5€25? Mas não faz mal, viste mal, paciência, anda que não temos tempo…

Fui ter com a minha mulher e contei-lhe o caso. Olhou para mim e disse:

- Se calhar recolocaram algum preço que não estava no local certo. Alguém reclamou…

- Não foi, eu vi o funcionário com montes de “tíquetes luminosos” com preços…

- Deixa isso, olha, todos lá em casa, estão à nossa espera… temos que nos despachar.

Pensei para “com os meus botões” (botões, até que não, nesta época nem um tenho): “É a vida…”

Pêlo caminho, depois de “levar” com uns cestos e uns carrinhos nas pernas, claro, tudo com pedidos de desculpas, acumulámos os géneros alimentares no cesto. Afinal estava a mostrar-se pequeno. Quase sempre escolho um só cesto… para ver se levo menos coisas, mas o que me adianta se a lista não é a minha? Nem a minha idade me serve de lição. A mulher diz que sou teimoso, penso que não, sou simplesmente um ser de “convicções”. E agora a propósito, se ela lesse esta conversa/desabafo… tinha, eu, um diálogo de “pé d’orelha”. Tudo a ver com a minha desconfiada teimosia…

Repare-se, é possível estas “coisas” acontecerem? Mudar preços para valores superiores sem justificação é aumentar a inflação? Estou a referir-me a uma presumível troca de tíquetes… com preçários novos… que sei eu… Devo ter visto e pensado incorrectamente.

Penso que nada do que especulo seja verdade… tanta gente, mas tanta gente no supermercado como cliente que não torna possível mudarem-se preços à noite… horas extraordinárias a pagar aos funcionários, mais despesa…não deve ser isso… vi mal, eu e o outro cidadão “casado” com a Manuela. E já agora, esta é para ti ó “Zecas” (nome do marido da Manuela, baptizado por mim): “Estamos a ir muito bem, não há dúvida, quem nos dá crédito, meu?”

 “Estacionei” numa caixa onde me pareceu estarem menos compras, a julgar pêlos conteúdos dos cestos que se apresentavam nas filas (antigamente eram bichas). Leitura rápida que todos fazem. Como a “coisa” estava demorada, um cidadão muito prestimoso veio informarmo-nos que nas caixas automáticas era mais rápido. A minha pedagogia de sempre, a actuar. Seja, meter o nariz onde não sou chamado:

- Veja se não colabora tão afincadamente, quantas mais caixas automáticas, mais colaboradores são dispensados… defenda-se. – Resposta:

- Estou só a cumprir as ordens que me deram…

Toma!

A minha mulher fez questão de ir para lá porque estávamos atrasados, conceito sem o meu contraditório. Lá seguimos. Mais rápido, pese embora dois percalços porque dois produtos não queriam passar “confiança” ao leitor de barras e teve que vir o funcionário prestável. Tudo pago, toca a sair, factura simples na mão, passar pêlo leitor de barras para abrir a “cancela” e… nada, não abria, não lia e não abria mesmo. Chamou-se o “prestável” que passou três vezes o nosso tíquete, de várias formas, da esquerda para a direita do leitor, da direita para a esquerda, de baixo para cima, de cima para baixo… nada, o leitor do código de barras entrou de embirração, ou meteu férias. Ah, já tínhamos “fila” atrás de nós. Foram experimentados outros talões e… nada… nós, dentro das “muralhas”, sem sair. Lá se escoava o tempo que queriamos que fosse curto no âmbito das compras e pagamento. Até que o que “cumpria ordens”, convidou todos os clientes das caixas automáticas, que já tinham pago, a saírem pêlo lado das caixas, normais, e que deviam ser continuadas e nuncas substituídas pêlo anti-social sistema.

Já com as compras arrumadas na mala do “boguinhas”, entramos e… Não é justo, tchi… li no sector de informação de bordo: 42,5 graus. Uma violência. A vida de quem cuida dos seus… em férias, é assim.

            Agora chega o regresso, rumo a Arrifana, depois de toda a Odisseia. Curva para a esquerda, curva para a direita, conversa com a mulher a meu lado, como sempre fazemos. Vejo um descapotável a vir do outro lado da estrada, carrinho, aí dos anos sessenta. Três meninos de “Kappe’s”, a conduzi-lo, vinham atrás de uma carrinha de distribuição que seguia, claro, em sentido contrário ao meu. Pensei: “Assim que passarem por mim vou ver a marca e a boa reconstrução do “bólide”, de certeza que está bem feita, a observar pêlo vermelho brilhante do “brinquedo”. Eu, a pensar nisto e o bólide a querer “enfrentar-me”, bem na minha frente, saído de um “salto” da traseira da carrinha. Aquele brilhante condutor, deve ter pensado e apostado, que cabíamos os três, carrinha, ele e eu, lado a lado. Esta estrada é um tipo de estrada florestal mais ou menos bem conservada. Guinei para a berma, travei a fundo e entrei ligeiramente numa pequena vala de, presumo, escoante de águas pluviais. Atrás de mim, uma travagem bem sonora. Acto contínuo pensei: “Vou ficar sem traseira, no mínimo”. Não aconteceu.

Não é que o rapaz do volante, com képi, teve razão? Passámos mesmo ao lado uns dos outros, a roçar os espelhos retrovisores.

 Pensei umas “palavras novas”. O condutor da carrinha verificou se o “cláxon” dele funcionava, se funcionava bem e até que funcionou a sério durante algum tempo. Eu ouvi. Mas… não consegui, sequer, ver a marca do carro, muito menos apitar. Se ele pensou que tive medo, está muito enganado!... Nem tive tempo para o ter!

Saí para perguntar ao cidadão que teve a destreza e a amabilidade de não me meter a traseira do carro “dentro”, se estava tudo bem com ele. O coitado tinha o carro mais dentro da pequena vala, do que tinha o meu.  Respondeu-me: “Viu este filho…” Respondi-lhe que estamos sujeitos a este tipo de pilotagem nesta época. Continuou a olhar para o carro dele e com um abanar de ombros diz-me que saía de lá perfeitamente.

Que chatice estas coisas no verão, não conseguir ver a marca de um carro… mas que coisa!

            A parceira de uma vida, “pedagoga de condução”, minha e dos outros, não disse nada durante 2 quilómetros. Devia estar entretida a observar a “gutação” nas estêvas que ladeiam o trajecto. O aspecto brilhante das folhas é interessante. A água em excesso é libertada pela planta, através de estruturas especiais, nas pontas das folhas, Foram baptizadas de hidatódios. O aspecto brilhante das folhas, tem a ver com açucares libertados que, com as minúsculas gotas, misturam-se e tornam a superfície das folhas pegajosas. O que eu sei… Deve ter sido nesta observação, que a dona Dé conseguiu um silêncio, mais ou menos, durante os dois quilómetros seguintes.

 

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