A Liberdade de um empréstimo
A liberdade é um bem inestimável no ser humano, tal como o ar que respira, a água que bebe... Nenhum sistema social ou político pode coartar o que a natureza humana reclama e lhe é devida por seu direito.
A liberdade na comunidade europeia, escrevo-a agora com letra minúscula, é de uma subjetividade atroz. Vejam-se os mil e tal milhões de euros que nos “deram”… foi-nos dada uma esmola humilhante para que sobrevivamos fisicamente. Não a deveríamos aceitar no formato que aceitámos. Deveríamos lutar para que não precisa-se-mos mais dela e não nos humilhemos mais. Não quero que a partir desta minha observação, se entenda que esteja contra esta comunidade que é o nosso “amparo físico”, diga-se de passagem. Não exatamente! O que me parece humilhante é termos recebido sempre tanto dinheiro (vendido a liberdade) e acabarmos a não produzir o que nos faz falta, (dizem que não se justifica...) embora não produzissemos, “lá atrás” o suficiente, quantitativamente e qualitativamente para as necessidades nossas, mas produzia-se, e, com a qualidade que nos era exigida na altura. Agora é urgente produzir. Equacionar as necessidades e começar a pensar no assunto.
Temos possibilidade de produzir: para as “novas tecnologias de informação”, “produtos alimentares assentes na ciência”, “têxteis de última geração”, “mobiliário e peças de decoração com design avançado”, calçado inovador e igualmente tecnologicamente avançado”, “auto mobilidade de vário tipo”, “software para todos os tipos de serviços, entretenimento, etc”. Tanta área e capacidade não nos falta. O nosso ensino superior é de excelência.
Na parte agrícola, as nossas sementeiras e desenvolvimento de sementes, desfrutaram de um clima único, não igualável... batata, trigo, cevada, centeio, milho, legumes... o leite, vinho, queijo... azeite, frutas de época, tudo era e é diferente no paladar e estrutura, em comparação com o resto da Europa. É único o nosso pescado, dada a temperatura do nosso mar e diversidade das espécies que lá encontramos e que devemos acautelar se queremos ter um futuro na área...
Tudo isto, ainda é insípido. Temos medo de produzir. Dizemos sempre que: “Não dá!” Para os estrangeiros que cá se radicam dá e de que maneira. Por exemplo o olival… a vinha… as frutas...
Não é possível mais ter-se terra cultivável e não a cultivar! Não é possível aceitar mais cotas para produtos que nós produzimos e necessitamos, mas que nos obrigam a importar, mas, dizia, produzimos produtos com muita qualidade, sem a quantidade é certo, mas precisamente é aqui que existe uma mais valia, a diferença entre o importado e o que é nosso.
Não devemos ser pedintes, possuindo! Não devemos ser a “cópia” de alguma coisa que nos querem impor! Para isso existem carimbos.
Já tive a oportunidade de dizer, que só seremos uma cultura a partir da altura em que não aceitemos esmolas dos que podem e que com essa dádiva, nos vão ditar o que querem de nós.
Agora, até lá, temos que mudar a nossa forma de ser. Ser não é Ter e os que nos quiseram dar para termos, nunca pretenderam que sejamos.
Analise-se o caso da China. Esses dirigentes querem Ter, e o Ser da sua sociedade? Está a soçobrar ou acabará por soçobrar! Por mais que queiram fazer parecer que não, não é verdade. Em cada cidadão que deixa de Ser, porque é explorado na sua dignidade, mediante a força do Ter, sobre si, a sociedade, o seu Ser vai desaparecendo irremediavelmente, mas também porque os humanos se agarram ao Ter para satisfação, primeiro física, depois, aqui é subtil, porque orientados para isso, são manipulados para se “mostrarem” na nova sociedade tecnológica. Também estão a conseguir, com a força do Ter, acabar com o Ser de muitos e muitos... povos. Mas, mais tarde, com o acumular do ter em alguns cidadãos, em detrimento do ser e o não ter de muitos e muitos outros, esta situação vai acumular, acumular até que rebentará.
Governantes vários cedem, sorriem e acatam as decisões dos que têm, anulando lentamente as suas próprias sociedades, no seu Ser. Passam pelos locais onde são poder, resolvem as suas vidas com reformas, obscenas, em relação ao que aufere o povo e conseguido isso, dizem para o povo: “Adeus, até ao meu regresso... ou até nunca mais”. E continuamos a dar-lhes a “chave da nossa dispensa”.
Estas análises são breves, porém são carregadas de angustia ao ponto de pensar que estes “espremedores sociais” são muito capazes, até pela sua incompetência, de nos atirar para uma situação onde se irá perder, para vivermos o final de vida como planeámos e em regra assumida, tudo o que fomos construindo de material para conforto nosso, ameaçando-nos e concretizando, no desenrolar da ação, também a destruição das nossas amizades, construidas durante a vida, porque teremos que ir, cada um para seu lado, viver em locais, se isso ainda for possível, de onde os nossos trisavós saíram para melhorar a sua vida.
Victor Martins
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