terça-feira, 20 de junho de 2023

                                    Voltaram a dizer-nos para continuarmos este nosso "sitio". Pois bem, a nossa opinião vai contar então para os nossos leitores amigos. Começaremos então com esta nossa opinião... em jeito poético... mas que para nós é o que sentimos...



PÁTRIA MINHA

 

 

A minha pátria é como se não o fosse...

Apesar de íntima, de estar na essência do que sou, dá-me vontade de chorar.

Apesar de tudo é a minha pátria.

Mas não é.

Por vezes, não tão poucas, dou comigo a meditar sobre si

e vem ao meu pensamento: “Que saudades tenho da minha pátria”.

Ah, não me venham com perguntas sobre: Afinal qual é a tua pátria? O que é a tua pátria? Porque te faz chorar?

Pois… não sei.

Defacto não consigo saber responder mesmo sabendo a resposta.

A minha pátria tem tudo. É água é vento, é fogo, é sal é ternura é vida, é afeto!

Sinto vontade de a beijar com sofreguidão, chorando sobre o seu rosto, lágrimas amargas

de quem pressente que ela está ali. E está, porque a sinto afinal.

Mas… a minha pátria tinha vestidos de brocado, de seda, de veludo… 

a minha pátria tinha uns cabelos bonitos, umas vezes longos e dourados, outras vezes curtos e encaracolados… eram escorridos… e com caracóis, mas sempre brilhantes, lindos.

Os sapatos eram esplendorosos e faziam a minha pátria voar sobre as nuvens chegando sempre a todos os seus filhos.

Aquelas pequenas asas ficavam-lhe tão bem. Davam-lhe um voo rápido.

Agora é pobre... está descalça e tem os vestidos rasgados… vejo o tecido quase transparente de tão usado, que lho deram por esmola quando lhe cabia o brocado por justiça!

Foi aqui, faz pouco tempo, que soube que o Infante afinal era surfista e tinha uma escola de barcos para regatas lá para os lados de Sagres… Estás e tratam-te tão mal…

Mas, pátria minha, continuas a ser o mel dos meus dias, apesar de seres agora muito, muito pobre. Colocaste  uma flor no teu cabelo... tão mal tratado.

Essa flor exala para o ar um aroma infinitamente doce e terno, capaz de tudo.

A minha pátria tem os seios desnudos porque já não tem tecido para proteger o efeito da gravidade que se espalha por todos os cantos desta pátria que se tornou amarga e desgrenhada e nos faz despenhar lentamente.

Até o vento, a chuva e especialmente o fogo, perderam o respeito por ti pátria amada.


Victor Martins


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