Voltaram a dizer-nos para continuarmos este nosso "sitio". Pois bem, a nossa opinião vai contar então para os nossos leitores amigos. Começaremos então com esta nossa opinião... em jeito poético... mas que para nós é o que sentimos...
PÁTRIA MINHA
A minha pátria é como se não o fosse...
Apesar de íntima, de estar na essência do que sou, dá-me
vontade de chorar.
Apesar de tudo é a minha pátria.
Mas não é.
Por vezes, não tão poucas, dou comigo a meditar sobre si
e vem ao meu pensamento: “Que saudades tenho da minha
pátria”.
Ah, não me venham com perguntas sobre: Afinal qual é a tua
pátria? O que é a tua pátria? Porque te faz chorar?
Pois… não sei.
Defacto não consigo saber responder mesmo sabendo a resposta.
A minha pátria tem tudo. É água é vento, é fogo, é sal é
ternura é vida, é afeto!
Sinto vontade de a beijar com sofreguidão, chorando sobre o
seu rosto, lágrimas amargas
de quem pressente que ela está ali. E está, porque a sinto
afinal.
Mas… a minha pátria tinha vestidos de brocado, de seda, de
veludo…
a minha pátria tinha uns cabelos bonitos, umas vezes longos e
dourados, outras vezes curtos e encaracolados… eram escorridos… e com caracóis,
mas sempre brilhantes, lindos.
Os sapatos eram esplendorosos e faziam a minha pátria voar
sobre as nuvens chegando sempre a todos os seus filhos.
Aquelas pequenas asas ficavam-lhe tão bem. Davam-lhe um voo rápido.
Agora é pobre... está descalça e tem os vestidos rasgados…
vejo o tecido quase transparente de tão usado, que lho deram por esmola quando lhe
cabia o brocado por justiça!
Foi aqui, faz pouco tempo, que soube que o Infante afinal era
surfista e tinha uma escola de barcos para regatas lá para os lados de Sagres… Estás
e tratam-te tão mal…
Mas, pátria minha, continuas a ser o mel dos meus dias,
apesar de seres agora muito, muito pobre. Colocaste uma flor no teu cabelo... tão mal tratado.
Essa flor exala para o ar um aroma infinitamente doce e
terno, capaz de tudo.
A minha pátria tem os seios desnudos porque já não tem tecido
para proteger o efeito da gravidade que se espalha por todos os cantos desta
pátria que se tornou amarga e desgrenhada e nos faz despenhar lentamente.
Até o vento, a chuva e especialmente o fogo, perderam o
respeito por ti pátria amada.
Victor Martins
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