domingo, 17 de agosto de 2025

 

FERIAS, ALGARVE…

 

               Gosto das férias, sem sombra de objecção. Tenho acordado, neste paraíso, ao som de rebarbadoras, movimento eventual de um excelentíssimo guindaste, todos os dias. Conseguiram licença de construção, tudo legal, sem hipótese de contraditório por parte dos moradores. Construção essa, na correnteza de vivendinhas, mesmo na frente de uma delas, onde estou instalado por mais uns dias.  A construção, desagua na rua. Em frente das vivendinhas existia um buraco com a profundidade de digamos que seis metros até aos muritos (60 cm de altura) das vivendas. Coitado, era um “buraco pequeno” (10m X 40m), acabou numa promoção de alto nível. O preço das “gaiolas”, (4), ronda um milhão… pode? Neste país, pode! E está tudo vendido? Parece que só falta um “apertamento”. 

E o calor que ultrapassa o nosso gosto? Mas é geral, ao que constatamos, infelizmente tudo, “por sua causa”, foi declarado época de incêncios, arde, como as esperanças, neste país, mas aqui, onde me encontro, não, a água não arde, só a nossa paciência, porquê se estamos em férias? É época de exageros, enfim, e nesses exageros, não queria revelar, tal como a quantidade de cerveja… já levei ao seu final, um tubo de Fenistil. Nem os anopheles e os culicideos estão de férias. Convenhamos que alguém tem que trabalhar.

               Tudo sorri, excepto quando saímos dos restaurantes com a factura na mão… a ler o que “já foi”… é olhar os nossos sorrisos… e o franzir de sobrolho? Ah, e este sol que nos vê lá de cima? Sorri, não me parece que seja com um sorriso afectuoso, penso que tem na face um esgar de gozo… bom, que digo eu. Meu Deus, com esta observação não devo estar afectado… por enquanto, isto apesar de um vizinho, logo de manhã, 7 horas, dar à chave do seu Onda, já de provecta idade, o Onda, mas que parece saído de um stand. Lindo carro. O motor ronrona num som cavo, próximo dos fórmula 1, em aquecimento, e dois minutos depois, solta a “cavalagem” em modo louco, para desaparecer na curva do pátio, onde estão os carros estacionados. Todos os dias. Pelo menos tem sido durante a “minha vigência” por aqui. Quando chega, (tenho que me levantar da cama onde repousava, naquele soninho do fim de tarde, estou de férias) ele, ao fim da tarde, está dois minutos com a rotação mínima do “bólide” e depois, numa  aceleração, tipo de um piloto que teve abortar uma aterragem e tem que levar o “motor aos copos”, o motor “canta desabridamente” durante uns 10 segundos. Lindo carro…

               Mas do lado do pátio/esplanada, o mar vê-se. À esquerda a falésia e um pouco mais para dentro, no mar, a designada “ Pedra Agulha”, é assim chamada de tão desgastada que está. Um pedaço de rocha torneado pelo mar ao longo de centenas de anos. Destacou-se da falésia, por desabamentos e agora, coitada, “virou agulha”. Ao que chega uma rocha… Mas, mesmo na minha frente, o telhado não acabado do “empreendimento, está cheio de ripas com listas transversal/obliquas a vermelho, para que o perigo esteja devidamente assinalado. Se calhar para que nenhum proprietário das “rodeantes” vivendinhas se disponha a ir fazer um churrasco no telhado inacabado do prédio em questão. No meio, imponente, sai um guindaste que vai até 40 metros, digo eu, mais acima deste telhado. Ah, também existe, agarrada aos muros, uma rede larga entre quatro vivendas e a construção. Fica bonita… tudo se vê aos quadrados. Regras de segurança. Até nessa segurança está incluída a vista sobre o mar e que não se vê… via-se, era linda e repousante. Não é que o “diabo” do guindaste está a largar pedaços de ferro da sua estrutura? O que faz o cloreto de sódio vindo do mar. Já avisei os “meninos” para não andarem com os pezinhos descalços na relva. Fora isto, tudo está dentro do que são férias das classes… média, pois é assim que o fisco nos classifica… que pobreza Franciscana.

Compras… restaurantes, bulício, filas, más caras no atendimento, onde quer que seja… Tudo isto é fado, tudo isto está cheio em todas as artérias, tudo isto? São férias! Viva o descanso, vivam as férias. Partilho como mínimo que devo, o estar num local onde muitos não podem, este postal nocturno de mar, que consegui eternizar, aqui ao lado, com outros pacientes portugueses que sofrem de "diarrhoea oculus nummarius”, nesta época, como eu…

 


Publicado, também, no Duas Linhas,  online

 

 

 



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