sexta-feira, 10 de setembro de 2021

 

Castro Verde

    

    

    Numa leitura simples ao que investigamos, consta o seguinte sobre a vila:

    “ Vila sede de concelho rural de 3ª ordem…, fiscal de 4ª classe, comarca de Ourique… orago da freguesia da sede do concelho, Nª Senhora da Conceição, 563,64Km2 distribuidos por cinco freguesias: Casével, Santa Bárbara de Padrões, Entradas e São Marcos da Ataboeira. Tem lagar de azeite, moagem, cerâmica, laticinios, mantas e estamanhas… O descanso semanal é à terça-feira e o feriado municipal no dia 1 de Julho. Tem mercado diário e feiras nos dias 20 de Janeiro, 5 e 6 de Maio e o 3º domingo de Outubro. Na área doconcelho existe uma mina de chumbo denominada Herdade da Misericórdia, uma de barita na Cabeça das Urzes e sete de manganésio na Cova da Moura, Herdade do Ferragudo, Penedo Beturiano, Cêrro, Alto dos Penedões, Cerro do Curralinho, Herdade dos Penedos e Herdade da Filipeja.”

    Claro que passaram muitos anos sobre este “levantamento”. Castro Verde alterou-se completamente tornando-se evidente que, dado o “abandono” de sucessivos governos, do Alentejo (centramo-nos agora só no Alentejo, em Castro Verde) no investimento do interior do país, a vila está exclusivamente dependente dos dividendos da mina que entram nos cofres da autarquia na forma de impostos devidos por lei. Ora um concelho que ocupa um rendimento “por cabeça” altíssimo, em relação ao restante país, por causa desses impostos, não “merece atenção dos governos”. Não merece nenhuma atenção avaliativa sobre a gestão dos dinheiros que a autarquia manobra (ou qualquer outra autarquia), porque as avaliações do que se implementa quer seja política, social ou financeiramente, com um sistema avaliativo de cariz corretivo e pedagógico para os desvios não programados e punitivo para os prevaricadores, deixou de ter interesse acautelador dos dinheiros públicos. Parece-me que a ideia base é esta: Porque terei que alocar um sistema avaliativo às minhas políticas se depois vão dar conta que não têm interesse nenhum e só delapidam o património? Não quero. Assim ninguém sabe se funcionam ou não as minhas geniais ideias.”

    Sabemos também que a autarquia de Castro herdou uma pesada fatura para pagar. As festividades (que sempre alegraram o povo) deixam rombos nos cofres de qualquer autarquia, por exemplo…

    Não se trata de exclusivos locais de incompetências nas políticas que tentam fazer andar o país a cargo de… tanta gente sem qualificações para as várias vertentes necessárias ao desenvolvimento do país. Por exemplo, para o novo ano letivo entendeu-se que as ementas das cantinas das escolas do ensino básico e secundário vão passar a ser elaboradas por nutricionistas. Acaba-se com a venda do pão com “chouriço”, etc, nos bares das escolas… Isto é de bradar aos céus. Essa diretiva já foi implementada, desde 2007. Foram retiradas as máquinas que vendiam produtos manipulados e as ementas eram elaboradas por nutricionistas. Será possível que se deixe degradar tudo ao ponto de ser genial aparecerem estas “novas” diretivas, das ementas? Ir às “gavetas” e trazer algo que já foi do passado e funcionou… Será possível que continuemos a ter “génios” que continuams a mexer nos baús, porque nada sabem destas "coisas" e retiram diretivas que já estavam implementadas e se diga que: “Agora sim! Vamos dar a volta a isto!” Mas o que se passa neste país? Vamos continuar a votar no “clube”? Na “cor”? Sem ver nada? Sem estudar, sem filtrar nada?

    Dos exemplos dados, passemos a referir quem contribui com muito dinheiro, que deve ser bem gerido pela autarquia de Castro Verde. É a mina de Neves-Corvo que fica a sudeste de Castro Verde, a cerca de 15 Km. Extrai Zinco, cobre e chumbo e alguns metais sem rendibilidade financeira. Possui esta mina uma linha férrea dedicada até ao porto de Setúbal O filão foi encontrado em 1977 na sequência da descoberta de uma anomalia gravimétrica que fazia parte do estudo geofísico da Faixa Piritosa Ibérica. Sul de Portugal.

    A exploração dos depósitos de minério começou em 1988 pela Somincor. Em junho de 2004, a Somincor, dona da mina, foi adquirida pela EuroZinc da Empresa de Desenvolvimento Mineiro e da Rio Tinto. Em outubro de 2006, a EuroZinc foi adquirida pela Lunding Mining. Em maio de 2017, a Lundin Mining anunciou um projeto de expansão para a mina. A operação pertence e é operada pela Somincor, subsidiária portuguesa da Lundin Mining.

     A vila tem evoluído, não de acordo ou em consonância com a “voz” das suas gentes mas, ao que parece, é o que é possível. O foral da câmara é pequeno, não permite desenvolvimentos urbanos de grande monta mas, estrategicamente podem ser lançadas ideias e respetivos avanços na prática para que o concelho se desenvolva. A vila, quanto a nós, pode ser a precursora da criação de um parque tecnológico. Como se não possui nenhum polo universitário ou politécnico? Sabemos que os terrenos circundantes, por quilómetros, de Castro Verde, não são produtivos, são pobres, qualquer que seja a cultura. Rendimento por hectare muito baixo, logo sem rendibilidade. Ora o sistema eletrovoltaico está a evoluir a olhos vistos… Nesta área deverão ser implementadas mais centrais, não em terrenos férteis, sim nos que não conseguem produzir alimentos para os humanos. Porque não negociar um polo universitário ou politécnico nas áreas da eletrónica com especialização em energias renováveis? Terrenos compram-se, estruturas negoceia-se com os governos sobretudo informando esses governantes que o povo do interior é mais importante que uma pedra saída no passeio da rua da Betesga ou um troço de 500 metros de uma ciclovia em Lisboa ou no Porto. E cursos de enologia? Centros de pesquiza em saúde? Centros de pesquiza para implementação de fabricas de componentes de electrónica? Só sorrimos às ideias?As ideias é que são compradas. A sua concretização faz desenvolver o mundo!

     De uma vez por todas tem que ser iniciada a marcha do futuro no Alentejo. Aqui não existe só areia e camelos. A população Lisboeta, parte, cerca de 62% é de origem Alentejana. Isto tem que acabar. O Alentejo nem por esmola deve receber o que lhe cabe por justiça. O necessário desenvolvimento.

\    No seguinte artigo daremos uma ideia da urbanidade vila. Para muitos, matar saudades. Alerta para a “Betesga”: “aqui existe povo”.




domingo, 5 de setembro de 2021

 

TARDE  DE VERÃO

 

Olho  e vejo o sol a esbofetear sorridente o teu rosto.

Claro, de uma forma suave. Ficas endeusadamente dourada.

Descobri-te. Ah se redescobri!

Estás deitada de lado e posso ver que essa intimidade de renda

cobre ao longo do teu corpo, só a sua metade…

A minha eterna e desesperada busca queda-se no teu rosto que viraste para a luz…

Apoias a cabeça na mão. O meu amigo sol marca-te as formas.

Sinto que alguma coisa se fecha no meu peito. Será ciúme dessa luz imensa

ou a demanda da minha angustia agora que te achei?

Vejo a redoma do que se vive a rodear-te e sei que o espaço que entre nós

medeia nos separa dos nossos tempos…

O modo enganoso do teu seio que se deixa ver, afinal, está

em sintonia com a tua respiração.

Essa pintura que és, e que a mim chega, desfaz-se num aroma de ti que és pétalas de luz…

Nesse  teu rosto está gravada toda a história da  vida.

O teu corpo rompe em flores de fertilidade.

A minha ressurreição será entre teus lábios

e a vida romperá mais tarde por entre eles

e teus seios alimentarão os poemas de toda a fome do universo.

Estou perante a mulher amada que tudo oferece sem dar nada!

Estou perante uma aurora que de tanta luz me desfaz em ruinas!

Estou perante um sentir vertigens de loucura no abrasivo desta paixão!

Estou perante a minha nudez que consegues só com o sorriso…

Aproximo o meu sentir, de ti, da aurora, da imagem que apresentas, da luz

que te rodeia…

Vislumbro um só encantamento que tua imagem projeta sobre mim.

Começo a aproximar-me do ano, do mês… da hora, do minuto que és…

Olhas-me enigmaticamente  do alto dessa inútil renda… renovas

a  majestade da tua beleza, do teu signo, da tua permanência

e abres os braços voltando a ser, na permissão do teu chamamento,

 afinal e só a insuperável amiga,  não uma contrafação da aurora!


Viriato Mondeguino

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