A MULATA
De repente o quando foi lembrei …
Não sei porquê… algo me falta?...
Bom... ela era alta, mulata.
Foi meu melhor, se bem eu sei.
Disse-me que era donzela.
Incrédulo fiquei a sorrir.
Sabia que nem isso era ela
Já outros a foram sentir.
Fingiu que não me deixava,
Mas se deixava, lá isso era!
Seios hirtos os levava.
Tê-los outras? quem lhes dera!
Iniciei-a pelos peitos,
E como me seduzia.
Sentia-a nos abraços estreitos
Naquela areia macia.
Espalhava-se a prata da lua
e o seu riso soltava.
Pressionei-a com tal gula
que com seu jeito guardava
em vez de dar-me o segredo.
Sentia que seu cheiro a sal
me puxava a mão… o dedo
Para aquele matagal…
Carregou seus peitos loucos
sobre mim em tal fervor
que seus lábios nunca ocultos
estouravam com tanto amor.
Aquele cheiro de mar,
aquele cheiro de dança,
aquele cheiro a mulata
era cheio de luar,
era um pleno que não cansa
e era aquela luz de prata.
A areia se angustiou
ao ouvir tantos gemidos
do amor que ela dava.
E a água se espraiou
perdendo logo os sentidos.
E eu, colado, sonhava…
Viriato Mondeguino