O “SER”e o “TER” .
A liberdade é um bem inestimável no ser humano, tal como o ar que respira, a água que bebe. Nenhum sistema social ou político pode coartar o que a natureza humana reclama e lhe é devida por justiça.
A liberdade na comunidade europeia, escrevo-a com letra minúscula, é de uma subjetividade atroz. Vejamos, o que penso: Não pretendo que a partir desta minha observação se entenda que esteja contra esta comunidade, não, ela é o nosso “amparo” físico. O que me parece humilhante é termos recebido dinheiro (vendido a liberdade, minha opinião) para não produzir o que se produzia, não sendo já suficiente mas “aliviavam” essas produções, as nossas necessidades, sendo produzidas até com uma certa qualidade. A China tomou conta desse espaço.
Na parte agrícola, sempre as nossas sementeiras e desenvolvimento dessas sementes, desfrutaram de um clima único, não igualável na Europa. Batata, trigo, cevada, centeio, milho, legumes, o leite, vinho, queijo, azeite, frutas de época, tudo era diferente no paladar e estrutura, em comparação com o resto da Europa. Não dá rendimento o “tal hectare” preconizado nas tabelas europeias. Começámos agora a trabalhar a sério, perante este caso? Pois bem, este tempo é tardio, um dos nossos pecados. Dada a temperatura do nosso mar e diversidade das espécies que podemos confinar em locais determinados na nossa costa, podemos avançar, com meios e financiamentos nacionais, e não vendendo a estrangeiros espaços que são “de todos”, e só utilizáveis pelos nosso investidores!
Não é que tudo isto trocámos, vendendo a nossa liberdade, tudo por incompetência. Estamos a provar isso ao mundo e infelizmente a nós, perdoem-me, desde o Brasil.
Não é possível mais ter-se terra cultivável e não a cultivar? Continuamos com a história de que se produz pouco por hectare? Pois “arranjemos” o terreno, Israel conseguiu graças ao sistema gota-a-gota criar citrinos e outros… no deserto. Deixemos as guerras que não nos interessam agora para o nosso raciocínio.
É possível aceitar mais cotas para produtos que nós produzimos, mas que nos obrigam a importar, e sabemos, até produzimos com mais qualidade, (contando com os solos e exposição solar) embora sem a quantidade necessária? Aqui existe uma mais valia comprovada, a diferença entre a uma baixa qualidade do importado e o que é produzido por nós. Como cidadão português, não nos interessa o “povo”, não é? Interessa o lucro. Mas somos capazes de andar com cartazes se o nosso, nosso, pessoal, não da comunidade, não for satisfeito. Falo do lucro. Da ganância.
Entretanto, não devemos ser pedintes, possuindo! Não devemos ser a “cópia” de alguma coisa que nos querem impor! Para isso existem carimbos.
Já tive a oportunidade de dizer que só seremos cultos a partir da altura em que não aceitemos esmolas de quem “manda” e que com essa “dádiva” nos vai ditar o que quer para as “suas políticas”.
Temos que mudar a nossa forma de ser. “Ser” não é só “Ter”, e os que nos querem dar para termos, não pretendem que sejamos.
Analisemos o caso da China. Esses dirigentes querem Ter. E o Ser da sua sociedade? Está a soçobrar? Alguém passa mal para que alguns por lá “Tenham”. Por mais que queiram fazer parecer que não, a sua política na compra das “chaves económicas” dos vários países assim o demonstra.
Em cada cidadão que deixa de Ser, porque é explorado na sua dignidade, mediante a força do Ter sobre si, a sociedade vai caindo com o seu Ser, irremediavelmente.
Será que nós, neste rincão, nos agarramos também ao Ter para satisfação, primeiro física, depois, aqui é subtil, porque orientados para isso, somos manipulados para nos “mostrarmos” nesta nova sociedade tecnológica e postar fotos no facebook? Instagram? Ter bons carros na porta de casa? Fazer férias que são pagas a prestações? Estas “coisas do “Ter” não interessam ao progresso de um povo. Só interessa ao “ser” que só quer “ter” mas, na maior parte das vezes não “tem”, só possui um pequeno espaço no inconsciente para massajar o seu “ser”.
“Governantes” vários cedem, sorriem e acatam as decisões dos que têm, anulando lentamente as próprias sociedades que parecem querer dirigir, no seu ser. Mas só conseguem passar pelos locais onde são poder, resolvendo as suas reformas, obscenas em relação ao que aufere (€,£…) o povo e conseguido isso, dizem para o povo: “ Adeus, até ao meu regresso, ou até nunca mais, mas eu fui o vosso melhor, não esqueçam”. Isto, sem que sejam chamados a responder pelo “estrago” feito a um povo!
Esta análise é breve, chã, porém carregada de angústia, ao ponto de pensar que estes “espremedores sociais” são muito capazes, até pela sua incompetência, de nos atirar para uma situação onde se irá perder, para vivermos o final de vida como planeámos e em regra assumida, tudo o que fomos construindo de material para conforto nosso, ameaçando-nos e concretizando, no desenrolar da ação, também a destruição das nossas amizades, construídas durante a vida, porque teremos que ir, cada um para seu lado, viver em locais, se isso ainda for possível, de onde os nossos trisavós saíram para melhorar a sua vida. Veja-se a ganância do preço das casas e das rendas das casas...
Uma outra forma de analisar, pela verdade do que está a acontecer:
Teríamos conseguido sobreviver e evoluir para os padrões atuais de sociedade se não tivéssemos entrado para a Comunidade Europeia, na altura? Sem dinheiro para pagar os vencimentos dos funcionários públicos e compromissos internacionais? Claro que não! Não podemos esquecer que ficámos sem nada em 74. Entrámos para a União Europeia. Conseguiu-se! Mas mais uma vez, depois de “filosoficamente” termos desbaratado tudo o que tinham acumulado os nossos “antepassados” e ficado, é claro, com este rectângulo na beira-mar plantado, pensava-se que tudo isto iria funcionar sem trabalho dobrado e poupanças? Como só nós fazemos, também desbaratámos rios de dinheiro chegado da União Europeia, não a totalidade é claro. Muito foi para infraestruturas rodoviárias que só beneficiaram o país. Que o diga quem foi servido, não quem vive nas grandes urbes.
Mas reparemos, insistir em marcar a nossa posição, como membros ou simpatizantes de um “clube político”, e com essa teimosia senil, em não pensar e atirar tudo a perder, sem verificar que os, agora, ilustres “jotinhas”, nada mais fazem do que tratar das suas vidas quando são governo, serve para quem? Instalar esta gente no poder e voltar a pedir futuramente nova intervenção da Troika, é isso que queremos? Não seremos capazes de analisar de vez o que necessitamos sem passar a vida a empurrar o nosso destino para os tais “outros”, ou para os tais “eles”?
Porque penso assim? Tenho toda a autoridade, a que me é devida! Porque me consideram um pilar pagante “privilegiado” nesta sociedade, e, além do mais, vejo que o “tabuleiro da ponte” para a saída definitiva de uma crise genética, está a ficar todo em cima de mim, simples aposentado, ex-professor. E já pesa, caramba!
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