REFLEXÃO
Pareceu-me interessante começar por fazer uma reflexão, pensando que devemos estar sempre críticos perante o que pretendemos admirar, sem colocarmos reservas. Falo sobre o que se admira, e muitos de nós admiramos e aplaudimos as novas gentes que entram nas governações, ou outros... e outros virão que serão, pelas mesmas razões, aplaudidos e que estão a fazer o mesmo que os anteriores... É necessário estar sempre com o “pé atrás”, sempre com uma objecção na ponta dos nossos argumentos, para que consigamos admitir aquilo que admiramos, mas que, ao fim e ao cabo, não nos serve para nada, como povo.
Reflicto, preocupado, confesso, sobre os nossos economistas. Já dei conta, em como são férteis em teorias, calculando e processando tudo, na base do um mais um, conseguindo entravar com isso o progressivo andar das nossas vidas. O que deviam fazer era, (para isso pagámos os seus cursos, como sociedade) através desses cálculos de taxas e outros, tornarem-nos cada vez mais “gratuito” o nosso percurso nesta vida.
Fazem esses cálculos, levando atrás de si uma panóplia de órgãos de informação, (para que os aclamem) ou seja, aquela industria que nos faz tornar clientes, desejosos de mais do mesmo e potencialmente cretinos... Os “opinion maker” são o lado auxiliar destes meios, porque nos transformam em cidadãos com uma crença quase ilimitada nas suas teorias, e, substancialmente servis.
Ser-se político, na minha modesta opinião, é ser um concidadão que tem o privilégio de poder modelar o seu lado menos bom, libertar-se do que em si é menor, libertar-se assim, dos seus defeitos. Tudo em prol dos outros, não de si. Tem que ser um cidadão que ao levantar-se pela manhã, ao olhar no espelho, não se veja refletido, sim os seus concidadãos.
Esta grandeza só se tem quando se pretende ser útil ao próximo.
Os tempos que vão dolorosamente correndo, devagar, tornam a nossa vida, cada vez mais depressa, numa angústia.
Não me adianta revoltar com a atuação dos acionistas, de e de, e de... cujo braço são os bancos. As dívidas, por incapacidade de cumprimento dos compromissos assumidos, nossas, não são renegociadas para que se possa pagar mais tarde, sem acentuar os juros, os spreads... sim, atua-se imediatamente no sentido de confiscar todos os bens de um cidadão que entrou em incumprimento não por sua culpa, nesta altura, mas sim por culpa da desenfreada sede de lucros desses mesmos acionistas.
Até o Fisco está numa situação dessas, a castigar os contribuintes, retirando-lhes tudo que dê penhora suficiente para pagar... por vezes montantes ridículos.
Mas os portugueses, os grandes portugueses, sempre se forjaram nas adversidades. Todo o ambiente é favorável aos especuladores, mas os obstáculos que se estão a colocar a um povo, vão ser derrubados. Como? Sempre nos elevámos das brumas e quem nos quiser liquidar como povo, vai ficar amesquinhado. Não nos aniquilarão com falsas atitudes paternalistas, com desprezo por sermos lusos. Não é com juros que nos colocam na dívida externa e nem pela pressão originada por essa mesma divida, que persiste e nos entrava ainda o progresso, que nos levarão a uma rendição económica e social! Saberemos trabalhar para a pagar!
O que irá surgir é um português novo, capaz de colocar um ponto de ordem definitivo na sua casa por forma a que nunca mais nenhum político consiga criar-nos uma “sangria aos nossos recursos” como esta! Até lá, os escolhos serão muitos, mas surgirá, então, um cidadão capaz de ler, à distância, no livro da democracia, quem é quem! Vamos ter que nos preocupar connosco, em não pagarmos todos, cursos superiores aos nossos cidadãos, para que depois demandem a países estrangeiros que não fizeram o esforço para lhes dar esses cursos. Vamos ter que investir, investir, investir, em produtos que possam ser os melhores entre os melhores em competição no mundo para que esses jovens não abandonem quem lhes deu uma promessa de futuro bem melhor que o que eles tiveram. Os portugueses irão deixar de ser um meio só para alguns, que insistem somente no bem-estar pessoal,
Esses poucos que não nos interessam, vão conseguir ser “lidos” pelo povo. O povo que surgirá desta saga, provocada infamemente por uns quantos, com a força dos titãs para vencer tudo e todos, atenção, saber apontar o dedo aos que por vezes aparecem deste lado da trincheira, a lutar ao nosso lado, ficticiamente, porque vieram, mais uma vez (pensam continuar a ser espertos) para este lado do campo.
Até lá, inspiremo-nos e actuemos, para levar em frente esta luta, que estou convencido, será a última, se o quisermos.
Victor Martins
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