sexta-feira, 29 de novembro de 2024

 

BOMBORDO CONTRA ESTIBORDO?



Da atuação social e politica de muitos, nestes últimos tempos, retirei alguns “ensinamentos”. Sei que a modéstia não faz reclamar, justificadamente, o assento por direito próprio nesta sociedade de milhares de cidadãos. Também aqui não é o caso de se ser analisado como cidadão prestável deste rincão. Mas, é-se natural por nascimento e convicção. Numa análise sobre essa filiação… seria o caos definitivo. Entretanto, o que nos aproxima desse caos absoluto, são as taxas que se pagam para nos manter e continuar a ser-se português.

O nosso Camões diria que os marinheiros não conseguiam, marear, pensar, enquanto o corpo que se prestava à marinhagem, não estivesse farto, ou minimamente satisfeito. Só depois disso viria o tempo de escutar a razão e então criar um rumo.

Neste momento, “esta marinhagem” necessita de uma viragem ascendente e não a descendente da curva que se apresenta a toda a maruja. Tantos e tantos “motins” aconteceram, estão a acontecer e vão continuar, por falta de mantimentos que satisfaçam os marinheiros neste viajar, agora e ainda, sem rumo certo e como sempre o fizemos, ao sabor da ondulação... mas orgulhosos de um pavilhão que sempre nos levou… ao nada!

Não é Restelismo, não é ser-se profeta, é constatar a realidade. Apetece-nos perguntar como é que uma marinhagem, agora de “bom bordo”, reclama os mantimentos do navio para si e dificulta a rota, acusando disso os marinheiros que “saíram de turno”, quando é ela que governa o navio?

Se quisermos, podemos reverter esta situação. Podemos concretizar um país definitivamente mas, temos que partir do concreto. Temos que partir, para a nova etapa, com base no inventário real constituinte de um povo. Não pode continuar nas páginas desse inventário o: “Possuímos força para vencer os inimigos…” quando não existem; não pode constar nessas páginas, que temos que ir contra moinhos de vento porque não existem mais; não podemos referir que temos outras terras quando nada mais se tem por aí. Não pode constar no inventário que somos o que não somos e se alguma vez o fomos... é melhor que nem isso conste para não darmos trabalho aos psiquiatras.

O que consta na base do nosso inventário é um país separado. Separado fisicamente de parcelas que são suas e separado das realidades das parcelas que nos estão afastadas. O que consta no inventário de base é que somos um povo de poetas, fadistas e futebolistas. O que se terá que fazer… somos povo para aí virados. Não somos povo para domar de forma sustentada o trator, a pedreira, a traineira, o gado, os inventos, o que for possível criar de útil porque logo a seguir vendemos tudo. Consta nesse inventário que entregamos o que quer que disso seja bom por uma boa noite de doce encantamento, um bom carro, uma boa vivenda e que nos faça lembrar durante anos o quanto somos bem sucedidos. Até acontecer a primeira avaria do automóvel...

Consta no inventário que trabalhamos... Constará que, se formos bem dirigidos para isso, trabalhamos. Quando constará que sabemos dirigir, porque sabemos trabalhar no que é nosso?

Teremos que partir de uma série de “coisas nossas” que não podemos perder. Essas mais valias têm que fazer parte do inventário, mas temos que atirar definitivamente fora o que fomos, do que nos orgulhamos, mas que não nos dá já nada e serve só para ficarmos com ar de idiotas. Pode colocar-se isso num livro de memórias, nunca num inventário!

Urge fazer o inventário e começar a trabalhar, mesmo! Todos para o mesmo lado para cumprirmos Portugal.

Se o não fizermos, através de alguém que marque o rumo, teremos que ser nós a determinar quem queremos para nos ajudar a levar o país à situação de o ser. Independente, útil, capaz de perpetuar desígnios, enfim, referências do ADN que pretendemos desde sempre, que pensemos Portugal para assim transmitir à geração que nos irá permitir a alegria de os ver crescer e realizar-se, tudo que afinal, sempre pretendemos.

Que quando as coisas se vão compondo lentamente, não nos precipitemos a dizer mal e a remar ao contrário dos que querem fazer algo por todos. Que a marinhagem de bombordo veja que o navio possui estibordo. O navio só deve seguir viagem com a proa na frente.


Victor Martins

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