DE ANÁLISE EM ANÁLISE
Não é por nada... mas efectivamente o que nos interessa não são retóricas direccionadas para determinados interesses específicos... ou seja, de conversas que nos levam a estar de acordo com tudo o que nos querem impingir, ou até, com tudo que nos referenciam como a causa do nosso infortúnio, ou contra os nossos "companheiros de cor". O que nos interessa, isso sim, são simplesmente verdades, custem elas o que nos custarem...
Mas, de nuance a nuance, de ponto a ponto, de opinião a opinião, de nota a nota, de comentário a comentário, de afirmação a afirmação, de conversa a conversa, de comentário a comentário, o veredicto, aparece sempre:
-" Gastos do povo acima da capacidade de produção!" Logo...
De apontamento a apontamento, de resumo em resumo, de análise a análise, de estudo a estudo, de referência a referência, de sondagem a sondagem, de pesquisa a pesquisa... o veredito continua:
- Não é possível viver acima da nossa capacidade!
De comentarista a comentarista, de analista a analista, de "fazedor de opinião" a "mais que outros", a culpa é sempre... agora, entre nós, por cores partidárias:
- Se cor laranja:
- “Já tínhamos dito que o prosseguimento da política económica e financeira que se seguiu, com o governo anterior, só ia parar a uma saída... Esta, contenção!” Logo, a culpa não nos assiste até porque o orçamento não é o nosso!
- Se cor rosa:
- “A conjuntura económica ditou todo o problema da contenção e da poupança a par da especulação financeira e do capitalismo alheio ao bem estar dos povos, conseguimos uma almofada financeira que nos dava segurança...” Foi desperdiçada, logo, a culpa não nos assiste!
- Se vermelho:
- “Estas políticas, de parceria com o patronato, retirando aos trabalhadores o que lhes pertence por direito e o aumento do horário de trabalho camuflado, em paralelo com a precariedade do emprego, na mira do lucro dos patrões, levou a que o país não consiga ter capacidade para produzir mais, pois o endividamento deve-se à contínua descapitalização das empresas em benefício próprio do patronato e assim sendo, os trabalhadores são incapazes de gerar riqueza para o país...” Logo, a culpa não nos assiste!
- Se azul:
- “Não é com greves ilegais baseadas em atitudes de força sem razão e consequentes atitudes absentistas laborais, que vamos para a frente. Os sindicatos, e um ou outro partido, com as suas atitudes ultrapassadas no tempo, estão a dar prejuízos colossais ao país cada vez que promovem uma greve, um desacato anti-democrático. Esses dirigentes sindicais, que estão ao serviço de grupos partidários, não estão e nunca estarão ao serviço do país. Sim, contra ele, contra os trabalhadores. Não é possível reivindicarem um euro se nada produzem!” Logo, a culpa não nos assiste!
- Se se é do povo:
- Estes fulanos estão a fazer um bom trabalho, ou: Estes cidadãos não estão a fazer um bom trabalho… são piores que os outros…
- “A culpa é nossa!” Não sorria caro leitor, já estou a situar o que pensa… sempre se falou muito nisso e temos uma conclusão: “Alguém, em alguma circunstância, fez o trabalho de casa?” Não! Então, se não nos interessou saber se os antigos governantes eram capazes… o que se queria? Mudar, mudar, mudar sempre? E agora, se não nos interessa saber se os governantes são capazes, o que queremos? Voltar a mudar? Continuar a ser um país de medíocres? Continuar a não querer pagar a pessoas que queríamos que fossem ministros, com provas dadas na sua vida profissional, que se agarrem ao leme dos destinos da nação mas, só porque temos, ou teremos, inveja do que irão ganhar de vencimento? Na sua vida profissional ganham 10, 15000€ por mês e queremos que eles venham ganhar no governo, 4 ou 5mil por mês? Mas somos permanentemente idiotas ou seremos sempre uns invejosos idiotas?
Para justificar o nosso oportunismo político e mediocridade intelectual, aparece um partido que diz que os seus deputados não irão receber uma reposição de salário que tinha sido suspensa (a todos os deputados). Existe sempre uma vantagem, qualquer, nestas atitudes capazes de superar o bom senso. Ir buscar aplauso dos medíocres e invejosos crónicos.
Dá que pensar? Muito.
Victor Martins
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