quinta-feira, 10 de outubro de 2024

 

A Paixão e o Amor




Começando uma nova conversa, é sempre uma odisseia, então vamos entrar por um outro conceito, meu, é claro. Nestas coisas da paixão, do amor, o ser já “entardecido” na vida, permite-me uma opinião, mais ou menos consensual com todos os leitores.

O que penso então, da paixão e do amor.

Em tempo de ter a novidade presente na minha, parca na altura, vida, tive para com ela uma situação que é bem normal de todo o adolescente e, enfim, pequeno adulto, o ter paixões. Ora bem, sendo assim, eu era um elemento passivo e só muito, mas muito mais tarde, é que o percebi. Depois, passei a tornar-me ativo!

A passividade é o tempo em que estamos apaixonados. Há algumas décadas atrás, passei a saber amar, então, tornei-me um ser ativo.

O amor é uma passagem na vida em que se é verdadeiramente ativo! Ser apaixonado é dar a hipótese a que alguém nos deslumbre, nos guie, nos molde. Somos passivos. Amar, é um ato criativo todos os dias, é construir uma vontade, um deslumbre para os dois.

Na nossa construção de vida estão todas as faces do amor. É pelo simples que amamos e pela naturalidade que se mantém esse amor. É pela criatividade que cresce, e pelo “silêncio” que se eterniza, nunca pela nossa divulgação de que amamos. Já o dissemos. O ideal será termos como aliada, um pouquinho de paixão, se for assim, conseguimos beber permanentemente o mel do paraíso porque somos nós a produzi-lo.

Lembrei-me de dizer isto, por causa deste estado de alma em que me encontro.

Na paixão somos levados, porque a nossa forma de estar é passiva, a uma cegueira da alma. Essa visão só é recuperada quando se ama. É no amor que se vê tudo e todos e se consegue, por isso, fazer um “cultivo” cuidado, muito longe do vulgar. Aqui, quando se ama, a casa é enorme e rasteira, sempre acrescentada com novas divisões, cada vez mais alegres, embora simples, mas extraordinariamente harmoniosas.

Na fase da paixão, a nossa morada é um castelo com uma torre altíssima e única, passa para lá das nuvens, de onde nada se vê, só o outro. E isso dura pouco tempo, porque… é muito cansativo.

É no amor que nos damos com todas as nossas angústias, idiossincrasias, todos os problemas, toda a nossa seriedade, tudo o que é nosso, sem nenhuma reserva de alma. É claro que esperamos, mas nunca tendo certeza de que a outra parte nos ame, mas se ela for assim para nós e é assim o amor, não precisa de amar como nós o fazemos. É sempre difícil, senão impossível isso acontecer, mas, com uma entrega dentro da mesma regra, o amor eterniza-se.

Diariamente é uma luta pelo bem, pela alegria de se conseguir sempre a diferença. É o aroma matinal que se alonga até ao outro dia para receber outra forma de criar, de acontecer.

O amor é difícil, mas é quem nos faz ver o mundo, tudo que nos faz respirar, crescer, rir chorar com a mesma comoção que o fizemos quando éramos crianças sem maldade alguma. Só se cresce quando se ama e se é um pouco “criança”, a acompanhar esse crescimento. Esse é que é o verdadeiro agente do amor, que o frui e o cria eternamente.



Victor Martins

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