AQUELE SORRISO
Quando a brisa me acordou
Naquela macia areia,
Meu olhar p´ra lá voou
Pr’os olhares da feiticeira…
Eles não estavam lá!
Onde estavam afinal
Que não os via por cá,
Por cima do areal?
Mas estavam junto d’água
Que baixinho marulhava,
Tentando cobrir a mágoa
Que eu sentia… e a amava…
A água se espairecia,
Preguiçosa, bem na beira
Daquele amor que eu sentia
Pela cabrita fagueira…
A mágoa, já não a tinha?
A mágoa ria de mim,
E do amor que lhe não vinha,
Queria-me um triste fim…
Mas, e ela? Só sorria!
Ela? Torturava-me de prazer!
E eu? De amores por si morria!
Que podia eu fazer?...
Mas, só para mim ela seria!
Pensava e o queria assim,
Mas, que sorte é que eu teria?
Se de tudo ela sorria
E tudo mais ela era?
Deus meu, era amor, era ternura,
Era fogo era frescura,
Era corpo, ah, se era!
Então que mais queria eu?
Queria ser dono dela,
Queria –a de amor só meu,
Queria-a, e tudo que há nela!
E ela me dava tudo!
E ela sempre sorria.
E ela me quedou mudo,
Rasgou minha carta d’alforria…
E agora? Vou-lhe tirar razão
De me tratar mal assim!
E… no molhado areão
Onde a onda tem seu fim,
Bastou um olhar seu,
Um sorriso no seu rosto,
E tudo que sinto meu
Quebra a razão do meu gosto…
E para que a luz não a ouça
Pede-me só com o olhar
Que tudo que ferve em moça
Eu, da chama vá tirar.
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