sexta-feira, 12 de novembro de 2021

 

AQUELE SORRISO





Quando a brisa me acordou

Naquela macia areia,

Meu olhar p´ra lá voou

Pr’os olhares da feiticeira…

Eles não estavam lá!

Onde estavam afinal

Que não os via por cá,

Por cima do areal?

Mas estavam junto d’água

Que baixinho marulhava,

Tentando cobrir a mágoa

Que eu sentia… e a amava…

A água se espairecia,

Preguiçosa, bem na beira

Daquele amor que eu sentia

Pela cabrita fagueira…

A mágoa, já não a tinha?

A mágoa ria de mim,

E do amor que lhe não vinha,

Queria-me um triste fim…

Mas, e ela? Só sorria!

Ela? Torturava-me de prazer!

E eu? De amores por si morria!

Que podia eu fazer?...

Mas, só para mim ela seria!

Pensava e o queria assim,

Mas, que sorte é que eu teria?

Se de tudo ela sorria

E tudo mais ela era?

Deus meu, era amor, era ternura,

Era fogo era frescura,

Era corpo, ah, se era!

Então que mais queria eu?

Queria ser dono dela,

Queria –a de amor só meu,

Queria-a, e tudo que há nela!

E ela me dava tudo!

E ela sempre sorria.

E ela me quedou mudo,

Rasgou minha carta d’alforria…

E agora? Vou-lhe tirar razão

De me tratar mal assim!

E… no molhado areão

Onde a onda tem seu fim,

Bastou um olhar seu,

Um sorriso no seu rosto,

E tudo que sinto meu

Quebra a razão do meu gosto…

E para que a luz não a ouça

Pede-me só com o olhar

Que tudo que ferve em moça

Eu, da chama vá tirar.



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