domingo, 21 de setembro de 2025

 

MÃE ANTÓNIA

 

Dei comigo nas compras, fruta. É um quebra-cabeças esta função. Porquê? O que nos aparece? Fruta verde, por dentro “queimada”, na quase totalidade dos casos, a apodrecer por dentro e lindas por fora… é essa a desgraça, mal embalada, queimada do frio dos frigoríficos. Verdade, verdadinha, se não fossem os benditos “arrefecedores” para estagnar o processo de maturação/decomposição natural da dita fruta, ninguém comia fruta… todo o ano. Mesmo que um pêssego saiba a pepino ou uma laranja tenho um gosto a mofo insuportável, praticamente todo o ano existe fruta e paga-se muito bem por ela, mesmo que a deitemos fora, com um ar desolado e a dizer entre dentes: “Nunca mais trago pêssegos… maçãs, nectarinas, tangerinas… laranjas, fora de época. Ah., ah., ah.

É assim. Temos que optar, fora da nossa época da fruta (come-se na mesma tudo verde) para fruta tropical a preços de ourivesaria. Que fazer? Não comer? Nem isso podemos?  Suportamos os preços?

Olhei umas anonas… não é normal aparecerem nos nossos mercados. Apanhei uma, como sempre faço, cheirei e… sorri. E do que é que me lembrei? Uma história com quase… digamos que terá 58 anos. Passou-se em Angola, no tempo em por lá circulei. Não resisto a contar, ah, publiquei-a num livro, (As (des)Aventuras de um professor em África) um livro de memórias sobre caçadas falhadas e outras histórias, tem Kimberlitos e tudo.

Nos diálogos em que aparece o linguarejar dos naturais, é o que é. Mesmo assim. Não se trata, de forma nenhuma, de eventuais arremedos, seria triste da minha parte se o fosse. Pura e simples, é a forma linguística de quem não tinha obrigação de falar correctamente o português e o fazia para se entender e sobreviver.

E simplesmente, foi assim:

 

Andei um bom bocado e acabei por “dar comigo” no Musseque São Paulo. Estou a ver umas quitandeiras por ali com fruta, mas, será possível? Fruta de Moçâmedes, ou seja, uvas? Deixa-me ver, não pode ser. São da África do Sul com certeza.

Ouço uma conversa, uma moça ainda nova, a falar para uma quitandeira. Finda a conversa e já junto à quinda, pergunto:

- Como a senhora se chama?

- Ouviu a minha filha? Pode ser assim.

- Muito bem. Então mãe Antónia, diga-me quanto quer por estas uvas? Parecem estar maduras.

- São da produção lá do Namibe. Doces, doces, doces com'ó mel!

- Pago-lhe quanto?

- Dois angorar e meio, já lás vendi más cara hóje.

- Está bem, está bem, pese dois quilitos.

A frase: “Ouviu a minha filha?” levou-me instantaneamente para um outro dia em que fiz uma compra aqui, no São Paulo. Já tinham passado algumas semanitas sobre este sábado, foi junto a uma quitandeira com a sua quinda cheia de... meio, meio, anonas e quiabos. Histórias sobre histórias…

Esse dia estava quente e às dez horas da manhã apetecia beber uma cerveja. Para mim uma Nocal preta era a que mais me satisfazia. Manias. Mas o calor chegava, se chegava! As quitandeiras alinhavam-se no passeio, como agora, e nas bancas improvisadas, mais atrás. Isto era perto do cinema São Paulo. Ir comprar  ao Kinaxixe não dava gozo. Aqui tinha mais banga. As vozes eram tantas e ao mesmo tempo, faziam aquele “ruído” típico de um mercado, não de grandes proporções, mas suficiente para se conseguir ver e comprar o que se pretendesse e assim levar coisas de uma forma rápida.

Os risos das mulheres, a correria das crianças por entre as quindas, o consequente ralhar das mães e das que o não eram, não fossem atirar com tudo para o chão espalhando o que custou muito a tratar e a trazer. As mais velhas mandavam na cachopada e eram sempre respeitadas.

Nesse sábado apeteciam-me umas anonas e olhando a “cara” delas, Santo Deus, deviam estar uma delícia. A certa distância, lembro, ouvi uma mulher dizer para a quitandeira o que tinha na quinda. Era o que me interessava, continuou a falar,  agora dizendo:

- Mãe Antónia, vou na Mutamba falar com Jácinto. Só sai à “meia” e preciso de dinhéro para os medicamento.

- Vai, vai, quéu ólho.

Acerquei-me da quinda, peguei numa anona, examinei-a perante o olhar desconfiado da senhora, mulher para os seus 70 anos, ainda vigorosa. Ao ver o meu sorriso adiantou:

- Góstôu? São bóas mésmo!

- Já vi sim mãe Antónia, vou querer.

               A quitandeira olhou-me com ar ainda mais desconfiado e ao mesmo tempo falou com a voz calma, assim mesmo, cautelosa, a tentar ler na minha face a reacção às palavras que começou a proferir:

- Como que sábes o méu nóme? Não me conhéce, eu não le conhéço. Tem vindo áqui néste lugá?

- Não, não tenho, mas já conheço a senhora e o seu nome não me esquece mais.

             Gostava de saber porque razão fui dizer que conhecia a senhora se não era quem eu pensava ser, descobri acto contínuo às suas palavras e a fisionomia assim mais de perto, não ser uma senhora que me passava roupa, fazia pouco tempo. Afinal para confirmação, tinha ouvido o nome dela e efectivamente não era o da que eu pensava ser. Paciência. Bom, “daquelas coisas” que associadas ao parecer ser quem pensava e o acto de ouvir-lhe a voz, mais o ter fixado a sua face, vai só um instante e… argolada minha. Mas já estava, já estava!

- Estóu gostando do “xindere”. Quanto que vais quérér?

- Dois quilos, faz favor.

- Estám bém.

              Pesou numa balança velha que nem o kaprandanda[1]. Entregou-me o saco com os dois quilos. Perguntei quanto era. Disse-me nestes termos:

- Não págas nada. Quem sabe o méu nome diz qué náo vai ésquécê, vai ter meu agrádo.

Fiquei completamente sem saber o que fazer, o que dizer, a meter a mão no bolso para tirar a carteira, ficar com ela na mão, a apertar o saco, meter a carteira no bolso, voltar a meter a mão no bolso, voltar a tirá-la e a apertar o saco, até que consegui falar:

- Mãe Antónia, por favor não me faça isso. Quero pagar.

Os remorsos começaram a perturbar-me e continuei:

- Por favor eu pago, a senhora precisa desse dinheiro.

- Não págas mésmo. As anónas são minha! Éu é quê mánda!

- Bom, então se não pago, deixo...

                Fiz o gesto de quem ia deixar o saco e... Saiu de trás da quinda e veio para ao pé de mim:               

 -  Não fáis isso comigo! Eu quer dar e pronto! Éu é quem sabe! Está me éntendéndo?               

- Certo.

- Então vai aceitar o que lhe vou dar.

 Aqui falei em voz baixa. Remexi na minha carteira, retirei um envelope pequeno que me tinham dado com um postalinho e meti lá dentro, sem que ela se apercebesse, uma nota de 50 angolares ou seja, escudos. Era o que tinha. Nem mais nem menos. Também não percebi porque o fiz. Dei-lhe o envelope com a nota e fui-me afastando lentamente, olhando de soslaio, não fosse a quitandeira deitar o envelope fora. Não. Abriu o envelope e disse em voz alta, já eu ia a cerca de trinta metros:               

-  Brigada “xindere”, nâ carecia, brigada… meu firia já pode págá no frámácia.

               Reparei que as outras quitandeiras olhavam na minha direcção. Todo eu sorria por dentro e a seguir por fora. Abençoadas anonas que me fizeram feliz nesse dia.

Existem dias em que mesmo ficando sem dinheiro conseguimos toda a “riqueza” do mundo, os afectos.

Pensei depois, àquela hora do dia para onde eu levava a fruta?  Iria andar com ela toda a manhã? Bom, nada que saber, vamos embora para o bendito quartel.

 

Pois o que acham os amigos leitores desta memória com tanta ternura? Pois é muito bom ter passado estes momentos. Ah, comprei agora as anonas, mesmo que estejam verdes, guarda-as para ver se amadurecem… se não ficarem, deito-as fora como faço, com a fruta, quase sempre. Isto, “cá”.

 

 

VM

(publicado também no DUAS LINHAS)



[1] Indicativo de um “ser” para lá de velho

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

 

 

QUANDO SE ESCOLHE O NÉCTAR


 

            Encontro-me a ver os escaparates dos vinhos num centro comercial. Estou acompanhado do meu amigo Cid Adão, “exímio” na escolha do precioso néctar. Olha os rótulos, lê as castas… as graduações, franze o sobrolho… agora, noutras garrafas, sorri imperceptivelmente, olha o preço e a algumas garrafas, que elege, mete-as no cesto que a superfície comercial disponibiliza e segue para analisar outras. Por vezes resmunga em voz baixa. Sigo-o a curta distância.

            - Ó prof, não compra nada? Estão aqui umas garrafinhas muito interessantes, algumas estão caras para o que contêm… Por exemplo, esta: “Touriga nacional, touriga franca, e alfrocheiro. Alfrocheiro é uma casta que dá uma cor forte ao vinho, esta casta dá o “ar” de carrascão, mas 4 Euros e 80 cêntimos, é elevado para o vinho… pelo menos vindo do produtor que está aqui indicado.

            - Só bebendo, não? –Digo eu.

            - Não, nem é preciso beber.

            - Ó Cid Adão, sei que o meu amigo percebe “da coisa”, mas, agora fez-me lembrar uma passagem minha por um certame… Um dia, estava numa feira em Mangualde e ao apreciar uma garrafa, a olhar para o preço, oiço uma voz, atrás de mim: “Acha que é caro o vinho?” Virei-me, era o antigo ministro e deputado, Jorge Coelho, já falecido, a fazer-me a pergunta. Continuou: “Preço do vinho calculado depois do esmagamento da uva, demora temporal em estagio, nem que seja um pouco, digamos que um mínimo, um ano. A demora, esse tempo, convertido em dinheiro despendido pela adega, neste caso. Podia ser um produtor particular, seria a mesma demora e a verba empatada sem lucro, é idêntico. O preço da garrafa vazia. O preço da rolha, nesta altura é cara, isto porque um bom vinho merece sempre uma boa rolha, não são baratas, digo-lhe. Um rótulo, cujo preço, não é de graça, tem o envolvimento de designers. Quero dizer, no fim disto tudo que, sem contar com as despesas administrativas e de venda através de alguns funcionários…

            Respondi sem o deixar acabar:

            - Meu caro doutor, por esse lado é a mais pura verdade, é exactamente assim que se passa nos “trajectos” da enofilia, seja, no terreno. Pelo meu lado, agora, o do cidadão que vem ver a feira, sem saber, ou pensar nestas coisas…

            Também não me deixou acabar:

            - Pois é assim, está caro para a nossa bolsa. É verdade sim, mas olhe, quem produz e mantém postos de trabalho, tem que ser valorizado… não estão caros, os vinhos, paciência, vamos só ao que podemos e isso já é muito bom. Desejo-lhe um dia feliz.

            Despedi-me dele e coloquei a garrafa no local original. Foi assim amigo Cid Adão.

            Cid Adão, como amigo que é, responde:

            - Prof., aceito o que refere, tem razão nessa alusão, mas oiça, já agora e dado que é um vate, podia escrever alguma coisa em favor deste néctar que dá de comer a tanta gente. Queria ver o que se lhe oferece, nesse sentido.

            - Pois vou pensar nisso, irei escrever alguma coisa já que me pede, até vou dedicar o texto em forma de poema, ao ilustre Cid Adão.

            Resolvi escrever um poema simples para “moer” a cabeça do meu amigo Cid Adão. É assim:

 

O NÉCTAR

 

“Desde os pródromos mais prístinos

Que os nossos ressessos ancestros,

Estereotiparam, no estendível

Do ancestral regalório,

Uma enofilia, que se tornou beneficente

E simultânea, a efeitos peristálticos

E ligeiramente, quando menor, analgésicos,

Mas sempre, frisemos, edificantes…

Ora, os bagoados resultados da flor,

Do arbusto sarmentoso, tão estimado,

Que na frutescência deram o seu melhor,

Vão à pisada. O que daí sai é um hino que…

Posterior ao estado fermentáceo é dionisicamente

Honrado nos púlpitos do nosso consciente,

e o era, nas ambarvais de antanho.

Era, o requintado corpo que toma a forma

Do vaso que o contém, dado a fiomélicas pessoas para cura!

Não menosprezemos, nunca, o que é sublime!”

 

            Cid Adão ainda não me disse nada ainda, mas quando ler o que escrevi vai-me  dizer, penso eu:

            - Ó prof., não esperava que me fizesse “manobrar” de forma tão constante a Enciclopédia Luso-Brasileira. Digo-lhe que sorri e que valeu a pena a sua escrita para me “atanazar”… a aprender o léxico.

            Aqui entre nós, será que vai responder assim, ou com outro texto?




(também publicado no DUAS LINHAS)

 

VM

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

 

TERTÚLIA COM O CID ADÃO


 

- Desta vez é autarquias? Eleições? Está bem Cid Adão, então, para mim, é assim: Todos sabemos que as eleições autárquicas existem porque a nossa Constituição confere-nos a existência de “autarquias”, estas como uma forma de organização social e administrativa, é claro. No artigo 235, refere-se que as autarquias são constituídas por pessoas, territoriais, que se organizam sob a forma de Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, com a finalidade de ajudar, resolver e levar a cabo, de modo construtivo, todos os interesses da população, e só, onde estão inseridas, Câmaras e Juntas.

O sufrágio directo, nestes órgãos representativos da população, confere a cada organismo, o direito de execução no “terreno”, o que se delibere internamente, nos órgãos próprios, em prol da maioria dos cidadãos da autarquia e nunca de uma minoria. Se a deliberação for de conveniência para a maioria e se só uma minoria estiver de acordo consciente da votação na proposta, terá que ser convenientemente propalada pela autarquia e se não se obter consenso sobre a execução do que se entende como fundamental para os cidadãos, terá que ser perfeitamente justificada para que todos saibam e respondam, em último caso, em referendo local. Assim são as bases democráticas do funcionamento autárquico.

E agora Cid Adão? Do que todos sabemos, o fundamento, é isto, mas, no terreno? O meu caro amigo pediu-me para lhe dar a minha ideia sobre as autárquicas, comecei por este preâmbulo, muita coisa, mas muita mesmo, teríamos que conversar para sabermos em definitivo, a ideia e a consciência do que é votar nas eleições autárquicas. Não será aqui, era uma conversa para uns dias. Mas abreviando, talvez eu consiga dar uma pequena ideia do que penso do perfil dos candidatos. Talvez um pouco entusiasmada, não ligue ao tom da voz.

- Vou ouvi-lo, mas meu amigo, escolhi o local, hoje, para esta nossa pequena tertúlia diária. O Café Santa Cruz. Só nos medeia a igreja, da câmara municipal, diga lá se não foi boa escolha o local e dirá também de sua justiça sobre o assunto que devia ser objecto de muita reflexão por parte de todos nós. Sabe que o ouço, bom, digamos que religiosamente.

- Não será necessário, sei que o amigo Cid Adão faz sempre as suas análises criticas ao sucedido no país e é assertivo nos seus ditames, embora, vai-me desculpar, muitas vezes só quando o “leite está derramado, numa espécie de VAR.”

- É verdade, é verdade que por vezes me desresponsabilizo, por exemplo, não vou votar… Não me diga nada, não me diga nada…

- Então adiante, amigo Cid Adão, adiante. Ao que penso, sobre o quer e me pediu para dissertar, direi que as eleições autárquicas são tão ou mais importantes que as legislativas. Tirará conclusão o meu amigo do que lhe direi sobre este momento de grande responsabilidade social, por parte de todos os cidadãos.

Ora então, começo por afirmar que ninguém, em circunstância alguma, exerce ou exercerá algum cargo cuja competência para o levar a “bom porto”, lhe aparece por “geração espontânea”! Jamais! Toda a competência tem por base a formação académica, a formação politico/administrativa e a experiência, seja, conhecimentos adquiridos de forma sucessiva, bons e maus, para que o cidadão em incumbência ou até o incumbente, desempenhe o cargo a contento seu, e do cidadão que o tem como “executor de soluções” para os problemas, no caso, da vida municipal. A literacia técnica para esse desempenho, é primordial.

Este item fulcral, a competência adquirida no terreno, aplicando conhecimentos adquiridos pelas várias vias que versam essa literacia, só acontece com cidadãos que se propõem aos cargos, que são funcionários emergentes das autarquias ou da administração pública, com conhecimentos teóricos seguidos dos práticos, por aplicação própria, ou na leitura de bons resultados conseguidos por antecessores do candidato, e aplicados posteriormente por si, sabendo que já resultaram. Não quero dizer que os candidatos têm que ser “experts” absolutos ou uns “skilful” no sentido de negociadores com o governo central, somente, não, terão que possuir aptidões baseadas no aprendizado, nos locais que referi. Nunca vindos dos partidos onde nada aprendem a não ser, numa “aprendizagem por contacto”, digamos que, a contornar problemas, camuflando-os, ou tão só, acrescentar o “numerus clausus” de determinada facção, para mais tarde entrarem com o “cabeça de lista” eleitos para os lugares a que se propõem.

Também a frase do “sangue novo” para a política, sem o respaldo que já referi para exercer o cargo, é uma desresponsabilização analítica por parte de quem profere esta frase. Tantas e tantas vezes é pronunciada.

Como é que pode esse “sangue novo”, responder a um reordenamento foral da comarca quando é necessário, se não faz ideia nenhuma do que é urbanismo? Como responder, por exemplo, a inundações se não se faz a mínima ideia do que é hidráulica e a sua aplicabilidade, dos rios, das ribeiras, dos sistemas de águas pluviais, dos esgotos, quanto custaram, quanto vão custar em caso disso se a sua reorganização for necessária? Como responder a fogos na área do município se o único contacto que se possui com o território é o que dizem os funcionários mais antigos na autarquia, ou o que se diz na sede do partido e sobre os bombeiros tem-se uma ideia da farda… vermelha e azul escura, ou preta? Como responder cabalmente a problemas na educação básica no município se não sabe, por exemplo, o que é uma sala de aulas moderna e como se apetrecha nem ideia  dos currículos dos vários anos? Como responder a solicitações nas áreas de saúde se entende que o centro de saúde se gere sozinho? Como responde aos sectores agrícolas locais, tão importantes para a economia concelhia se a única empresa que conhece é a que lhe muda os pneus da viatura que possui? Como vai conseguir dar respostas satisfatórias aos empresários locais que apresentam problemas vários para conseguirem sobreviver na comarca se não se faz ideia nenhuma do que se labora no município? Como se vai dar a volta a vícios e “cores” partidárias dentro do staff municipal? Para desculpar a inaptidão da sua gestão, vai atirar para “o ar” que a câmara ou a junta não tem dinheiro, sem ter ideia de reuniões com outras autarquias para pressionar o governo para que deixe de dar mais importância a uma pedra no pavimento da Rua da Betesga, que a todo o interior do país? Tem capacidade (fundamentação) para argumentar a necessidade da regionalização, juntando outros autarcas, com o poder central? Demonstrar que a retirada de: escolas, centros de saúde, valências nos hospitais, locais de justiça, delegações bancárias… levaram à debandada de pais, em que os filhos ficaram sem a escola perto de casa, de empresários agrícolas que tiveram que abandonar as suas terras porque os pequenos empréstimos e os pequenos depósitos começaram a ficar mais caros, tempo em deslocações, combustíveis para as viaturas e até as próprias viaturas a necessitarem de outros “arranjos”, oficinas que fecharam porque os pequenos tractores  outras viaturas desapareceram, os mobiliários já não são pedidos, ter justiça fica ainda mais cara porque se perde mais tempo em tê-la e ir ter com ela. Tudo foi acabando e vai acabando no interior porque, a tal “pedra” da rua da Betesga, em Lisboa, tem a importância de todo o interior. O perfil que devemos analisar no candidato leva-nos a apostar que vai ser uma boa aposta?

Tem o candidato, a clareza, a fundamentação e a vontade de exigir um pensamento diferente de entre as vontades decisórias dos políticos, sabendo que os mesmos pensam assim: “Almeida, concelho, 5882 habitantes; Pinhel, 3293 habitantes; Aljustrel, 8874; Vinhais, 2185 habitantes; Castro Daire, 4557 habitantes… nestes casos, um total de 24791 habitantes. Ora, 30% não vão votar, mínimo, temos 17353 votos… não valem a pena”. Acrescento agora, estes votos não contam para que o poder se interesse por… ou com as pessoas a que dizem respeito essas vontades de participação na vida democrática. Nas eleições autárquicas todos os votos são importantes, ganha-se por um, mas o candidato conseguirá ter força anímica para contestar o que for necessário para o bem-estar dos munícipes, frente ao governo, em reuniões? Ou são todos saídos da mesma turma? Vai ter a vontade e competência para tornar o seu município cada vez melhor, mais atractivo para viver, para o investimento local e “exterior”?

Poderá… ser um candidato “dinâmico”, pensando que, para que todos vejam as suas façanhas autárquicas, inaugurará um repuxo no meio do rio referindo que é importante oxigenar a água? Até irá comprar um edifício que servirá, propalará, de museu, casa de espectáculo, e no final… os imóveis não irão ser utilizados, porque “Sua Excelência” é, ou será, mais um esbanjador do erário e gosta de exibições megalómanas, mas quer que o seu nome fique ligado ao repuxo, ou ao edifício entaipado. Ah, Cid Adão, esse “sangue novo”…

O cidadão que se candidata a estas “andanças”, nesta minha maneira de ver, resumida, tem forçosamente que ter literacia técnica. Não podemos correr riscos neste momento de 2025. Basta de não analisarmos o currículo dos candidatos. Não podemos ficar por intenções pronunciadas pelos proponentes aos cargos. Temos que ser responsáveis de uma vez por todas e analisar o currículo dos candidatos! Os “clubes” não podem ter peso sobre a nossa vida social, comunitária! Como é que os “clubistas” locais, por exemplo, permitem que “funcionários dos partidos entrem” nas “sedes dos clubes” locais e anulem quem conhece a terra, tudo faz por ela, e definem, na cara dos locais, que o “Zé Maria Pincel” é que vai ser candidato, “aqui”! Alto e bom som?  É o que se me oferece dizer, meu caro Cid Adão! E o meu amigo não analisa isto tudo? Não penaliza acções deste tipo? Quem manda em sua casa? Já agora, devíamos também mudar o tipo de círculos… Os círculos uninominais são mais importantes que os plurinominais… para mim, seria um misto. Nos plurinominais entra… tudo que interessa, no momento, ao “clube”… Pense. Desculpe, já me estou a desviar e a dar-lhe muito trabalho para coordenar o que lhe disse, não?

- Pois…

terça-feira, 26 de agosto de 2025

 

FUI ÀS COMPRAS

 


Para estacionar, foi um caso sério, tantas pessoas nos locais de veraneio, mais propriamente, no meu caso, na costa vicentina. O supermercado onde fui, e normalmente vou, é enorme. O estacionamento automóvel está dividido por dois pisos, sendo o superior no nível da área comercial. Foi aí que consegui estacionar, mesmo com o sol a dardejar sobre a humilde chapa do meu meio de transporte, ainda por cima é de cor preta.

Bom… no meio de tantas pessoas… aí estava eu de cesto com rodas pela mão… rumo às prateleiras munido do respectivo memorando caseiro, o tal auxiliar de memória, onde se anotam (escreve, és um esquecido…) os “artigos” necessários  para casa. É que somos 14 pessoas, divididos por dois “AL”. Responsabilidade quase exclusiva dos “Entardecidos”… Ah, entardecidos somos, eu e a mulher. Não é meu hábito referir-me sobre os dois, como “cotas”, gíria africana, prefiro: “entardecido”. Muito mais “chic”… ah, e humorístico.

Na azáfama das compras, descobri um funcionário, com alguns “preçários luminosos”, na mão. Retirava um ou outro fixados nas prateleiras, junto aos produtos. Tirava e colocava, tirava e voltava a colocar novos. Pêlo que eu via e percebia, alguns preços de produtos estavam a ser mudados. Se calhar já não se viam bem e alguém reclamou… Mas, pensei, ligando os meus habituais “desconfiómetros”: “Isto só se faz depois da hora do fecho. Será que estavam produtos novos a serem descarregados, de camiões, nesta hora e tinha que ser tudo mudado? Se der sorte, tudo estava a ficar mais barato? Se assim era, abençoada gerência. A verdade é que só tive uma conversa de um casal como “base” da minha habitual desconfiança. Dizia o marido, penso que era:

- Manuela, juro-te que isto estava com um preço diferente. Eu tirei da prateleira e estava marcado por 4€99 e não 5€25. – Resposta da Manuela:

- É sempre o mesmo, nunca estás atento aos preços… como é que podia ser se eu li, agora mesmo, contigo ao lado, 5€25? Mas não faz mal, viste mal, paciência, anda que não temos tempo…

Fui ter com a minha mulher e contei-lhe o caso. Olhou para mim e disse:

- Se calhar recolocaram algum preço que não estava no local certo. Alguém reclamou…

- Não foi, eu vi o funcionário com montes de “tíquetes luminosos” com preços…

- Deixa isso, olha, todos lá em casa, estão à nossa espera… temos que nos despachar.

Pensei para “com os meus botões” (botões, até que não, nesta época nem um tenho): “É a vida…”

Pêlo caminho, depois de “levar” com uns cestos e uns carrinhos nas pernas, claro, tudo com pedidos de desculpas, acumulámos os géneros alimentares no cesto. Afinal estava a mostrar-se pequeno. Quase sempre escolho um só cesto… para ver se levo menos coisas, mas o que me adianta se a lista não é a minha? Nem a minha idade me serve de lição. A mulher diz que sou teimoso, penso que não, sou simplesmente um ser de “convicções”. E agora a propósito, se ela lesse esta conversa/desabafo… tinha, eu, um diálogo de “pé d’orelha”. Tudo a ver com a minha desconfiada teimosia…

Repare-se, é possível estas “coisas” acontecerem? Mudar preços para valores superiores sem justificação é aumentar a inflação? Estou a referir-me a uma presumível troca de tíquetes… com preçários novos… que sei eu… Devo ter visto e pensado incorrectamente.

Penso que nada do que especulo seja verdade… tanta gente, mas tanta gente no supermercado como cliente que não torna possível mudarem-se preços à noite… horas extraordinárias a pagar aos funcionários, mais despesa…não deve ser isso… vi mal, eu e o outro cidadão “casado” com a Manuela. E já agora, esta é para ti ó “Zecas” (nome do marido da Manuela, baptizado por mim): “Estamos a ir muito bem, não há dúvida, quem nos dá crédito, meu?”

 “Estacionei” numa caixa onde me pareceu estarem menos compras, a julgar pêlos conteúdos dos cestos que se apresentavam nas filas (antigamente eram bichas). Leitura rápida que todos fazem. Como a “coisa” estava demorada, um cidadão muito prestimoso veio informarmo-nos que nas caixas automáticas era mais rápido. A minha pedagogia de sempre, a actuar. Seja, meter o nariz onde não sou chamado:

- Veja se não colabora tão afincadamente, quantas mais caixas automáticas, mais colaboradores são dispensados… defenda-se. – Resposta:

- Estou só a cumprir as ordens que me deram…

Toma!

A minha mulher fez questão de ir para lá porque estávamos atrasados, conceito sem o meu contraditório. Lá seguimos. Mais rápido, pese embora dois percalços porque dois produtos não queriam passar “confiança” ao leitor de barras e teve que vir o funcionário prestável. Tudo pago, toca a sair, factura simples na mão, passar pêlo leitor de barras para abrir a “cancela” e… nada, não abria, não lia e não abria mesmo. Chamou-se o “prestável” que passou três vezes o nosso tíquete, de várias formas, da esquerda para a direita do leitor, da direita para a esquerda, de baixo para cima, de cima para baixo… nada, o leitor do código de barras entrou de embirração, ou meteu férias. Ah, já tínhamos “fila” atrás de nós. Foram experimentados outros talões e… nada… nós, dentro das “muralhas”, sem sair. Lá se escoava o tempo que queriamos que fosse curto no âmbito das compras e pagamento. Até que o que “cumpria ordens”, convidou todos os clientes das caixas automáticas, que já tinham pago, a saírem pêlo lado das caixas, normais, e que deviam ser continuadas e nuncas substituídas pêlo anti-social sistema.

Já com as compras arrumadas na mala do “boguinhas”, entramos e… Não é justo, tchi… li no sector de informação de bordo: 42,5 graus. Uma violência. A vida de quem cuida dos seus… em férias, é assim.

            Agora chega o regresso, rumo a Arrifana, depois de toda a Odisseia. Curva para a esquerda, curva para a direita, conversa com a mulher a meu lado, como sempre fazemos. Vejo um descapotável a vir do outro lado da estrada, carrinho, aí dos anos sessenta. Três meninos de “Kappe’s”, a conduzi-lo, vinham atrás de uma carrinha de distribuição que seguia, claro, em sentido contrário ao meu. Pensei: “Assim que passarem por mim vou ver a marca e a boa reconstrução do “bólide”, de certeza que está bem feita, a observar pêlo vermelho brilhante do “brinquedo”. Eu, a pensar nisto e o bólide a querer “enfrentar-me”, bem na minha frente, saído de um “salto” da traseira da carrinha. Aquele brilhante condutor, deve ter pensado e apostado, que cabíamos os três, carrinha, ele e eu, lado a lado. Esta estrada é um tipo de estrada florestal mais ou menos bem conservada. Guinei para a berma, travei a fundo e entrei ligeiramente numa pequena vala de, presumo, escoante de águas pluviais. Atrás de mim, uma travagem bem sonora. Acto contínuo pensei: “Vou ficar sem traseira, no mínimo”. Não aconteceu.

Não é que o rapaz do volante, com képi, teve razão? Passámos mesmo ao lado uns dos outros, a roçar os espelhos retrovisores.

 Pensei umas “palavras novas”. O condutor da carrinha verificou se o “cláxon” dele funcionava, se funcionava bem e até que funcionou a sério durante algum tempo. Eu ouvi. Mas… não consegui, sequer, ver a marca do carro, muito menos apitar. Se ele pensou que tive medo, está muito enganado!... Nem tive tempo para o ter!

Saí para perguntar ao cidadão que teve a destreza e a amabilidade de não me meter a traseira do carro “dentro”, se estava tudo bem com ele. O coitado tinha o carro mais dentro da pequena vala, do que tinha o meu.  Respondeu-me: “Viu este filho…” Respondi-lhe que estamos sujeitos a este tipo de pilotagem nesta época. Continuou a olhar para o carro dele e com um abanar de ombros diz-me que saía de lá perfeitamente.

Que chatice estas coisas no verão, não conseguir ver a marca de um carro… mas que coisa!

            A parceira de uma vida, “pedagoga de condução”, minha e dos outros, não disse nada durante 2 quilómetros. Devia estar entretida a observar a “gutação” nas estêvas que ladeiam o trajecto. O aspecto brilhante das folhas é interessante. A água em excesso é libertada pela planta, através de estruturas especiais, nas pontas das folhas, Foram baptizadas de hidatódios. O aspecto brilhante das folhas, tem a ver com açucares libertados que, com as minúsculas gotas, misturam-se e tornam a superfície das folhas pegajosas. O que eu sei… Deve ter sido nesta observação, que a dona Dé conseguiu um silêncio, mais ou menos, durante os dois quilómetros seguintes.

 

domingo, 17 de agosto de 2025

 

FERIAS, ALGARVE…

 

               Gosto das férias, sem sombra de objecção. Tenho acordado, neste paraíso, ao som de rebarbadoras, movimento eventual de um excelentíssimo guindaste, todos os dias. Conseguiram licença de construção, tudo legal, sem hipótese de contraditório por parte dos moradores. Construção essa, na correnteza de vivendinhas, mesmo na frente de uma delas, onde estou instalado por mais uns dias.  A construção, desagua na rua. Em frente das vivendinhas existia um buraco com a profundidade de digamos que seis metros até aos muritos (60 cm de altura) das vivendas. Coitado, era um “buraco pequeno” (10m X 40m), acabou numa promoção de alto nível. O preço das “gaiolas”, (4), ronda um milhão… pode? Neste país, pode! E está tudo vendido? Parece que só falta um “apertamento”. 

E o calor que ultrapassa o nosso gosto? Mas é geral, ao que constatamos, infelizmente tudo, “por sua causa”, foi declarado época de incêncios, arde, como as esperanças, neste país, mas aqui, onde me encontro, não, a água não arde, só a nossa paciência, porquê se estamos em férias? É época de exageros, enfim, e nesses exageros, não queria revelar, tal como a quantidade de cerveja… já levei ao seu final, um tubo de Fenistil. Nem os anopheles e os culicideos estão de férias. Convenhamos que alguém tem que trabalhar.

               Tudo sorri, excepto quando saímos dos restaurantes com a factura na mão… a ler o que “já foi”… é olhar os nossos sorrisos… e o franzir de sobrolho? Ah, e este sol que nos vê lá de cima? Sorri, não me parece que seja com um sorriso afectuoso, penso que tem na face um esgar de gozo… bom, que digo eu. Meu Deus, com esta observação não devo estar afectado… por enquanto, isto apesar de um vizinho, logo de manhã, 7 horas, dar à chave do seu Onda, já de provecta idade, o Onda, mas que parece saído de um stand. Lindo carro. O motor ronrona num som cavo, próximo dos fórmula 1, em aquecimento, e dois minutos depois, solta a “cavalagem” em modo louco, para desaparecer na curva do pátio, onde estão os carros estacionados. Todos os dias. Pelo menos tem sido durante a “minha vigência” por aqui. Quando chega, (tenho que me levantar da cama onde repousava, naquele soninho do fim de tarde, estou de férias) ele, ao fim da tarde, está dois minutos com a rotação mínima do “bólide” e depois, numa  aceleração, tipo de um piloto que teve abortar uma aterragem e tem que levar o “motor aos copos”, o motor “canta desabridamente” durante uns 10 segundos. Lindo carro…

               Mas do lado do pátio/esplanada, o mar vê-se. À esquerda a falésia e um pouco mais para dentro, no mar, a designada “ Pedra Agulha”, é assim chamada de tão desgastada que está. Um pedaço de rocha torneado pelo mar ao longo de centenas de anos. Destacou-se da falésia, por desabamentos e agora, coitada, “virou agulha”. Ao que chega uma rocha… Mas, mesmo na minha frente, o telhado não acabado do “empreendimento, está cheio de ripas com listas transversal/obliquas a vermelho, para que o perigo esteja devidamente assinalado. Se calhar para que nenhum proprietário das “rodeantes” vivendinhas se disponha a ir fazer um churrasco no telhado inacabado do prédio em questão. No meio, imponente, sai um guindaste que vai até 40 metros, digo eu, mais acima deste telhado. Ah, também existe, agarrada aos muros, uma rede larga entre quatro vivendas e a construção. Fica bonita… tudo se vê aos quadrados. Regras de segurança. Até nessa segurança está incluída a vista sobre o mar e que não se vê… via-se, era linda e repousante. Não é que o “diabo” do guindaste está a largar pedaços de ferro da sua estrutura? O que faz o cloreto de sódio vindo do mar. Já avisei os “meninos” para não andarem com os pezinhos descalços na relva. Fora isto, tudo está dentro do que são férias das classes… média, pois é assim que o fisco nos classifica… que pobreza Franciscana.

Compras… restaurantes, bulício, filas, más caras no atendimento, onde quer que seja… Tudo isto é fado, tudo isto está cheio em todas as artérias, tudo isto? São férias! Viva o descanso, vivam as férias. Partilho como mínimo que devo, o estar num local onde muitos não podem, este postal nocturno de mar, que consegui eternizar, aqui ao lado, com outros pacientes portugueses que sofrem de "diarrhoea oculus nummarius”, nesta época, como eu…

 


Publicado, também, no Duas Linhas,  online

 

 

 



quinta-feira, 22 de maio de 2025

 

CASTIGO NO PS?

 

 

Se se fizer uma análise alargada sobre o que se entende ser o nosso povo do Alentejo, assim como das Beiras, por exemplo, donde tenho as minhas raízes, conhecendo os seus ser, o sentir, a resignação que sempre esteve no espirito e na pele, destas nossas gentes, interrogarmo-nos de “boca aberta” sobre o porquê desta reviravolta “política”?

Como e quando pensaram os cidadãos governantes nestas terras, em tal cambalhota? E em todo o interior centro/sul, agora, como obter uma resposta sobre o porquê disto? Pois é! Voto massivo no Chega. Não se votou na AD, pode observar-se. Afinal quem foi o “castigado”? Foi o PS.  Porquê?

A resposta é simples de tão complexa que é. Comecemos com esta nossa análise, simples… indo à complexidade… só porque a quantidade de população poucos votos dá no todo do país. Ouvimos da boca de responsáveis: no agregado governamental e no agregado autárquico, em resumo, isto:  Diziamos: “ Então, em Reguengos são 11000 habitantes, em Serpa quase 14000, em Mértola 6300, mais ou menos, em Beja, 33000 habitantes, Ourique, concelho é claro, 4900… Responderam: Ai é? Então soma tudo até agora…  São… 69200… Pois, nem todos votam é claro, achas que interessa meter "lá" qualquer recurso"? Esses votantes mexem com alguma coisa no país? O país são as grandes cidades, pá! Ouvimos isto de alguns políticos, em off, volto a frisar.

 O povo vê-se sem hospitais, círculos de justiça, bancos, escolas e polos universitários.  O país vê as terras tomadas por culturas intensivas de oliveiras, amendoal, abacate, painéis fotovoltaicos (energia sempre mais cara) a tomarem a terra fértil e os "recursos de todos", não investidos pelos governos, e que não entram em benefício do povo. O povo não tem capacidade nem tempo para uma análise social e financeira do que os governos determinam.

E então, porquê a “multa” no PS? Foi quem podia ter mexido nas coisas e não o fez, ao tempo e em tempo. E é de esquerda! O povo não muda assim do pé, para a mão! Pois não, só dando um voto transformado numa lição. É que o Chega prometeu repatriar imigrantes e colocar a etnia cigana (quem não produz, penso eu...) a trabalhar e a não receber subsídios, só os que a restante população recebe. O Alentejo perguntou: "Para que lado me viro?" Bom, e o PSD? Vai ter essa lição mais para a frente. Claro que vai… Esta mudança foi RADICAL. Pois foi, e o ser-se radical leva a desastres… muitas vezes sem emenda possível. Irremediáveis.

Quando se abriram estradas, vias rápidas, no Alentejo, e só agora algumas estruturas a concluírem, um aeroporto fundamental para o desenvolvimento de uma vasta região abandonada pelos que já referimos, não se faz nada por ele, em continuidade do pensamento e acção nessa altura? É um aeroporto crucial para apoio aos já existentes e sobressair em exportações. 

O que se quer como resposta? As estruturas criadas não são corruptas. A mesquinhes e a falta de visão dos nossos políticos é sempre a morte do país. Os "poderes" paralelos, detentores do capital que nada faz pelo país, ditam leis, ditam ordens. Isto não é conversa de "comunista". É fruto de muita leitura, muita investigação e ver os resultados no terreno! 

Quem pensa não querer nada igual ao passado, onde a fome estava presente e o emprego era escasso e mal pago.... é o povo! O povo não quer ver isso outra vez, o  25 de Abril veio para terminar com o estado das coisas, não para se lhe dar continuidade. E o que se vê é o imigrante com mau tecto, ou sem, a penar pelas ruas, sem apoio nenhum, por falta de controlo governamental, a eterna falha para se inspeccionar o investido e acontecido. Estes imigrantes são controlados do lado de fora do país, por máfias. Vejam-se as reportagens do NOW em Lisboa, por exemplo. O país tem que ter regras. Não se pode premiar que não produz nada! O povo tem medo disso e não admite outra vez a mesma coisa, o antes do 25, o que foi consigo.

Castro Verde teve Chega? Aljustrel também não!  Verdade é que, não fossem as minas, e iriamos ver os imigrantes a andar nas ruas a penar. Aqui, o voto seria Chega se assim fosse... não tenham dúvidas, líricos da política. Estes “génios” fazem ideia do que criaram?  A análise ao problema, passará por esta leitura? O PSD estará interessado em analisar “o fogo na casa do vizinho”? Passará ao lado, porque a ausência de votação foi nos “outros”, não em “nós”. Se assim for a atitude, continuamos a perpetuar o fracasso do país. Não é um excedente financeiro que faz um governo ser “excelente”, esse excedente, sem ter  criado riqueza, será à custa de mais privações do povo, isto, repito, pela incapacidade governamental, até agora, em criar riqueza.

Fracassados e incompetentes serão os governantes que pensam ser excelentes só porque, retirando “rendas” ao povo, “cumprem magnificamente trabalhos de rotina”, mostrando “serviço”. Um governante deverá sempre ultrapassar esta “pequenez na dimensão pessoal”, criando diariamente, riqueza e bem-estar e aí sim, poderá ter a plena consciência do dever cumprido.

 

Victor Martins

quinta-feira, 15 de maio de 2025

 

O “conversês”

 

 

               O “conversês”,

                                           fornecido pêlos chefes de partido, agora em arruadas, tem sido, quanto a mim, uma forma de criar clientes ideais para um determinado “produto” que oferecem.

Educar as pessoas para um voto consciente, devia requerer anos de formação cívica, anos a criar hábitos de análise, anos em que a escola ajudasse os cidadãos a crescer. Onde é que isto é processado? Em lado nenhum! Pois é, na escola foi cerceada a possibilidade de a Formação Cívica, (criada em 2001, até 2012) dar frutos. Sempre o nosso espirito economicista, sempre uma pequenez de espírito…

Ao “tempo”, muitos de nós evoluíram para um discernimento social que levou o país a ombrear com outros que detinham, já nessa altura, um padrão social elevado, quanto ao nosso, mas que era o justo para os cidadãos. Era o justo e o necessário para todos estarem em pé de igualdade nas suas sociedades. Conseguimos com suor e lágrimas à mistura. Algum sangue também. A perda de tecto e deslocações em massa de outros continentes para o nosso “cantinho” … assim o fizemos, sempre com a vontade de darmos a todos, neste cantinho, a capacidade de nos tornarmos iguais em saúde, justiça, educação e com riquezas mais bem distribuídas a quem trabalha.

Damos conta de um facto: “A incapacidade de nos organizarmos”. A nossa vida resume-se a jogos entre dois “clubes” e a quem dedicamos a nossa atenção: “Procastinense, português e o Procastinaikos… sabe-se lá donde é que é.

Defacto não seriam necessárias aulas continuadas sobre a nossa “Responsabilidade Cívica”, ou “O que posso fazer pêlo meu país” se estivéssemos atentos, estudássemos a situação do país, estudássemos a vida e o currículo dos candidatos em vez de empurrarmos “com a barriga” a evolução do país.

Domingo, estaremos a voltas com o eterno “fardo” porque, ao que estou a ver, não estamos interessados em dar aos filhos e aos netos um país melhor.

25 de Abril? Perdi, queria ganhar… mas… vou continuar a perder pela incapacidade em ter ao meu lado “cidadãos” responsáveis.

 

 

Victor Martins

  MÃE ANTÓNIA   Dei comigo nas compras, fruta. É um quebra-cabeças esta função. Porquê? O que nos aparece? Fruta verde, por dentro “quei...