Além-túmulo
(é
um futuro)
“Xi-ni-Mâvu”…
Estou a lembrar-me do que o meu amigo Calequisse
me disse em determinada altura, sobre entidades espirituais e sobrenaturais que
existem nas profundezas da terra (“Xi-ni-Mâvu”)
Segundo a sua crença, é nesses “abismos” que existem as mansões de tais
seres que estão vivos depois da sua morte. Tinha escolhido um local sagrado
para as suas práticas de ocultismo. Este, tinha dado conta, também servia para
outras pessoas usarem em acção de graças quando um facto relevante ocorria nas
suas vidas. Pedir justiça, colocam essas criaturas a palma da mão no chão. Para
bens corporais, neste lugar sagrado, vertem vinho sobre o corpo nu de quem está
a ser alvo de beneficio, ou pedido. No caso de bens espirituais, o que passam
no corpo é um liquido misturado com incenso e é feita, também uma reza.
Os
Umbandistas, (religião originária do Brasil com raiz em Angola, terra do meu
Calequisse, mistura partes cristãs, rituais de África e espiritismo Kardecista,
ou seja, reencarnacionista) têm na cura que Jesus fez a um cego, o ter misturado
saliva com barro, passou nos olhos de um cego e curou-o, dado lugar a uma
profunda meditação.
O
meu amigo nunca foi um maníaco destas “manifestações” espiritas, mas que sei
eu, era dado a algumas meditações. Falava em Nzâmbi, (Deus, criador de todas as
criaturas, do mal e do bem) e dizia-me que não era o Ente supremo pois
necessitava, para dirigir o mundo, de entidades que ele denominava de “Entidades
espirituais”. Daqui o culto a diversos espíritos que regem várias partes da
nossa vida.
Ora,
já no nosso metropolitano rincão, consegui tirar-lhe essas crenças, da prática
e da cabeça. Sempre pensei, pelas conversas intermináveis que tivemos, ter erradicado
esses pensamentos, até porque nunca mais, santa alma, falou nestes “mistérios”.
Como me dizia mais lá para trás, se estivesse em Luanda, iria à igreja da Nossa
Senhora da Conceição (Muxima) e ofertar-lhe-ia um coração em cera.
Hoje
ouvia sua voz através de um telefonema. Fiquei radiante. O meu amigo estava
presente. A sua voz não era a mais “alegre”, mas enfim… o que interessava é que
estava “ali”! Falou-me sobre o orçamento de estado, da “tourada” que está
montada com os diálogos entre oposição e governo, governo, imprensa escrita,
falada, visionada e oposições. Refere que a situação é sempre má para o povo,
nunca “esta gente” se lembra do povo.
No
fim diz-me: Xi-ni-Mâvu… é no que dão estas politicas…
Victor
Martins
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