CARTAS AO CID ADÃO
A liberdade é um bem inestimável no ser humano, tal como o ar que respira, a água que bebe... Nenhum sistema social ou político pode coartar o que a natureza humana reclama e lhe é devida por seu direito e por tal razão definida pelas nossas sociedades em geral.
A liberdade na comunidade europeia, escrevo-a com letra minúscula... agora, é de uma subjetividade atroz. Veja o meu amigo a quantidade de desempregados... é-lhes dada uma esmola, humilhante, para que sobreviva fisicamente. Não a deviam aceitar eternamente. Deveriam lutar para que não precisem mais dela e não se humilhem mais. Não quero que a partir desta minha simples observação, entenda que esteja contra esta comunidade que é, ao fim e ao cabo, o nosso “amparo”... físico, diga-se de passagem. Não exatamente. O que me parece humilhante é termos recebido dinheiro (vendido a liberdade) para não conseguirmos produzir o que se produzia, evoluir socialmente, tecnicamente, tecnológicamente, cientificamente. O que se produzia não seria muito para as necessidades nossas, mas produzia-se. A qualidade evoluiria se tivéssemos continuado a produzir, mas… adiante.
No sector agrícola, sempre as nossas sementeiras baseadas no desenvolvimento das nossas sementes, desfrutaram de um clima único, não igualável. Batata, trigo, cevada, centeio, milho, legumes, o leite, vinho, queijo, azeite, frutas de época, tudo era e é diferente no paladar e estrutura, em comparação com o resto da Europa. É único o nosso pescado, dada a temperatura do nosso mar e diversidade das espécies. Tudo isto nós trocamos, vendemos a liberdade. Vendemos, afinal, pelo prazer de ouvirmos que só a muito longo prazo pagaríamos esse empréstimo. Veja-se o nível em que temos a dívida externa.
Meu caro Cid Adão, não é possível mais ter-se terra cultivável e não a cultivar! Não é possível aceitar mais cotas, porque ainda subsistem algumas, para produtos que nós produzimos e necessitamos, mas que acabamos por importar, Dizia, produzimos produtos com muita qualidade, sem a quantidade necessária é certo, mas precisamente é aqui que existe uma mais valia, a diferença entre o importado e o que é produzido por nós.
Não deviamos ser tão pedintes, possuindo! Não devemos ser a “cópia” de alguma coisa que nos querem impor por “organização” de uma comunidade! Para isso existem carimbos.
Já tive a oportunidade de lhe dizer, meu caro Cid Adão, que só seremos uma cultura a partir da altura em que não aceitemos esmolas dos que “podem” e que com essa dádiva, nos vão ditar o que “querem”.
Agora, até lá, temos que mudar a nossa forma de ser. Ser não é Ter e os que nos quiseram dar para termos, nunca pretenderam que sejamos.
Analise o caso da China. Esses dirigentes querem Ter, e o Ser da sua sociedade? Está a soçobrar. Por mais que queiram fazer parecer que não, não é verdade. Em cada cidadão que deixa de Ser, porque é explorado na sua dignidade, mediante a força do Ter, sobre si, a sociedade, o seu Ser vai desaparecendo irremediavelmente... mas também porque os humanos se agarram ao Ter para satisfação, primeiro física, depois, aqui é subtil, porque orientados para isso, são manipulados para se “mostrarem” na nova sociedade tecnológica... Também estão a conseguir, com a força do Ter, acabar com o Ser de muitos povos, e este povo quer anexar território de outro povo. Mas, mais tarde com o acumular do Ter em alguns cidadãos, em detrimento do Ser e o não Ter de muitos e muitos outros, esta situação vai acumular, acumular, até que rebenta. O povo aguenta até que o seu Ser seja tão mínimo quanto o Ter. No limite a revolta estala.
O caso da Rússia com o querer anexar a Crimeia. Trata-se de um governante querer TER a todo o custo reduzindo o SER de um povo a escombros. N~unca conseguirá mesmo que possa anexar o território. O SER da Ucrânia estará sempre numa sombra, num “bumker”, num canto e a revolta irá estalar sempre. O que mais custa é ver um planeta a assistir a tamanhas atrocidades com medo que aconteça uma guerra nuclear. Mentira! Existe capacidade para, apesar dos detectores de misseis levar, atrás uns dos outros frotas de misseis para rebentar com o poderio de guerra. Vão morrer inocentes? Pois vão… na Ucrânia também...
Vários governantes cedem, sorriem e acatam as decisões dos que TÊM, anulando lentamente as suas próprias sociedades, no seu Ser. Passam pelos locais onde são poder por um periodo, resolvem as suas vidas, reformas posteriores obscenas, em relação ao que aufere o povo e conseguido isso, dizem para o povo: “ Adeus, até ao meu regresso, ou até nunca mais”.
As minhas análises são breves, porém são carregadas de angústia ao ponto de pensar que estes “espremedores sociais” são muito capazes, até pela sua incompetência, de nos atirar para uma situação onde se irá perder, para vivermos o final de vida como planeámos e em regra assumida, tudo o que fomos construindo de material para conforto nosso, ameaçando-nos e concretizando, no desenrolar da ação, também a destruição das nossas amizades, construidas durante a vida, porque teremos que ir, cada um para seu lado, viver em locais, se isso ainda for possível, de onde os nossos trisavós saíram para melhorar a sua vida. Voltaremos ou cairemos nos locais onde se mete o “gado”, um redil, no caso dos humanos, um lar. Claro que é uma opinião drástica, mas meu caro Cid Adão, o que pensar do resultado de tanta incompetência? È evidente que vamos agora observar mais um período novo com uma possibilidade de revertermos a vida deste adiado País, única.
Porque penso assim, meu caro Cid Adão? Porque me consideram um “pilar pagante privilegiado” nesta sociedade e vejo que o “tabuleiro desta ponte” para a saída da crise, está a ficar todo em “cima de mim”. Ah, vendi um pequeno apartamento que comprei com muito esforço, para fazer face à vida neste momento. E o estado vai continuar a “assaltar-me”. Sim, isso das mais valias.
Um abraço meu caro Cid Adão.
Viriato Mondeguino
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