terça-feira, 8 de março de 2022

 

Mulheres...

 

Olho  e vejo o sol a esbofetear sorridente o teu rosto.

Claro, de uma forma suave. Ficas endeusadamente dourada.

Descobri-te. Ah se redescobri!

Estás deitada de lado e posso ver que essa intimidade de renda

cobre ao longo do teu corpo, só a sua metade…

A minha eterna e desesperada busca queda-se no teu rosto que viraste para a luz…

Apoias a cabeça na mão. O meu amigo sol marca-te as formas.

Sinto que alguma coisa se fecha no meu peito. Será ciúme dessa luz imensa

ou a demanda da minha angustia agora que te achei?

Vejo a redoma do que se vive a rodear-te e sei que o espaço que entre nós

medeia nos separa dos nossos tempos…

O modo enganoso do teu seio que se deixa ver, afinal, está

em sintonia com a tua respiração.

Essa pintura que és, e que a mim chega, desfaz-se num aroma de ti que és pétalas de luz…

Nesse  teu rosto está gravada toda a história da  vida.

O teu corpo rompe em flores de fertilidade.

A minha ressurreição será entre teus lábios

e a vida romperá mais tarde por entre eles

e teus seios alimentarão os poemas de toda a fome do universo.

Estou perante a mulher amada que tudo oferece sem dar nada!

Estou perante uma aurora que de tanta luz me desfaz em ruinas!

Estou perante um sentir vertigens de loucura no abrasivo desta paixão!

Estou perante a minha nudez que consegues só com o sorriso…

Aproximo o meu sentir, de ti, da aurora, da imagem que apresentas, da luz

que te rodeia…

Vislumbro um só encantamento que tua imagem projeta sobre mim.

Começo a aproximar-me do ano, do mês… da hora, do minuto que és…

Olhas-me enigmaticamente  do alto dessa inútil renda… renovas

a  majestade da tua beleza, do teu signo, da tua permanência

e abres os braços voltando a ser, na permissão do teu chamamento,

 afinal e só a insuperável amiga,  não uma contrafação da aurora!


Viriato Mondeguino

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