Mulheres...
Olho e vejo o sol
a esbofetear sorridente o teu rosto.
Claro, de uma forma suave. Ficas endeusadamente dourada.
Descobri-te. Ah se redescobri!
Estás deitada de lado e posso ver que essa intimidade de
renda
cobre ao longo do teu corpo, só a sua metade…
A minha eterna e desesperada busca queda-se no teu rosto
que viraste para a luz…
Apoias a cabeça na mão. O meu amigo sol marca-te as
formas.
Sinto que alguma coisa se fecha no meu peito. Será ciúme
dessa luz imensa
ou a demanda da minha angustia agora que te achei?
Vejo a redoma do que se vive a rodear-te e sei que o
espaço que entre nós
medeia nos separa dos nossos tempos…
O modo enganoso do teu seio que se deixa ver, afinal,
está
em sintonia com a tua respiração.
Essa pintura que és, e que a mim chega, desfaz-se num
aroma de ti que és pétalas de luz…
Nesse teu rosto
está gravada toda a história da vida.
O teu corpo rompe em flores de fertilidade.
A minha ressurreição será entre teus lábios
e a vida romperá mais tarde por entre eles
e teus seios alimentarão os poemas de toda a fome do
universo.
Estou perante a mulher amada que tudo oferece sem dar
nada!
Estou perante uma aurora que de tanta luz me desfaz em
ruinas!
Estou perante um sentir vertigens de loucura no abrasivo
desta paixão!
Estou perante a minha nudez que consegues só com o
sorriso…
Aproximo o meu sentir, de ti, da aurora, da imagem que
apresentas, da luz
que te rodeia…
Vislumbro um só encantamento que tua imagem projeta sobre
mim.
Começo a aproximar-me do ano, do mês… da hora, do minuto
que és…
Olhas-me enigmaticamente
do alto dessa inútil renda… renovas
a majestade da tua
beleza, do teu signo, da tua permanência
e abres os braços voltando a ser, na permissão do teu
chamamento,
afinal e só a
insuperável amiga, não uma contrafação
da aurora!
Viriato Mondeguino
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