sábado, 25 de janeiro de 2025

 

O ENSINO E O CIDADÃO EM FORMAÇÃO.

 

 

            É fundamental que a nossa escola não se separe do mundo actual: tecnológico, artístico, social, sobretudo humanista.

            Estamos num patamar em que alguns cidadãos “fogem” da escola, olham-na com aversão. Estamos “perto” do dia em que iremos deixar de a conceber como o lugar, onde o cidadão em formação deve ir, para receber as “ferramentas” intelectuais e práticas por forma a tornar-se útil a si e à sociedade a que pertence, seguindo-se a sua utilidade social no mundo global.

Ninguém é de geração espontânea! Todo o desenvolvimento social, técnico e tecnológico é um somatório de teorias, comprovação das mesmas ao longo dos anos, em beneficio de todos. Os currículos não são mais que esse somatório e refinamento constante, de acordo com o evoluir da ciência e da técnica.

            A escola é um local privilegiado que não pode ser levianamente tratado, transparecendo essa leviandade, em meras circunstâncias económicas com carácter corporativo e nas instâncias governativas, como local onde se ordena a criação de “terra queimada” sobre o que estava, voltando a construir novas directivas, para que estas, agora e mais tarde, voltem a ser queimadas na “fogueira politica”, seja, o que de bom estava em prática.

             Um educador não pensa na escola, pela escola. Um educador não pode focar-se na vereda estreita de só ver o ensino. Um educador que se preza de o ser não pode nunca afirmar que o ensino é o seu mundo, sim que o ensino é parte indispensável do seu mundo. O educador tem que ter uma clareza de espírito por forma a que as tarefas monótonas de “secretariado” não o “humilhem” intelectualmente. Essas “esporas” criadas por espíritos nada esclarecidos pedagogicamente, tornaram a tarefa do educador num sistema duplo. O do ensino/formação, em que o educador/formador tem base académica. Seja, cientifica e tecnologicamente capaz para a sua função e que, aqui sim, deve dar o melhor que sabe para os seus formandos. A outra parte que afinal lhe toma mais tempo sem proveito algum para o cidadão em formação, logo para a sociedade em que se insere e que lhe paga para formar, e só, não é mais que escrita, estatística, relatórios sem grande convicção e mapas de classificações… tudo porque o tempo não é “muito”. E é verdade!

            A perda da preparação de uma aula em prol dos mapas e relatórios de turma vale e está a manter a baixa da qualidade cientifica, pedagógica e didáctica de uma aula?

            A existência de um funcionário administrativo para “secretariar” o professor não seria lucro puro para o aluno? Para todos nós? É que este funcionário iria secretariar uma boa dezena de professores da escola e teria tempo ainda para outras tarefas.

            Claro que o espírito “economicista” de quem nunca soube fazer “contas”, levou a escola a baixar cada vez mais a qualidade de ensino. A parte administrativa que o professor tem que fazer, continuará a ser um arremedo organizativo para proporcionar com isso (intenção dos “esclarecidos” senhores) uma atitude pedagógica à volta do aluno e para o aluno. Não podemos permitir que gente que pensa “poupar”, desperdiça tempo, dinheiro e baixa a qualidade do ensino. Como é possível ser-se “governante” assim.

            A “linguagem” a ter em agenda governativa, neste momento, não é mais a das associações de professores, de pais, ou de políticos que se encontram fora da barricada dos decisores, é sim a de pedir esclarecimentos rapidamente às associações cientificas e pedagógicas dos professores para a REFORMULAÇÃO COMPLETA DOS CURRICULOS de acordo com o mundo tecnológico e cientifico actual. Veja-se o que a comissão nacional, ao tempo, para o ensino fez e recomendou. Não se anule politicamente quando se não sabe nem faz ideia nenhuma como se deve fazer. O ensino não pode ser tratado por quem passou pelos bancos das universidades, simplesmente, sim por quem dedicou a sua vida a essa tarefa!

            Os senhores políticos deverão limitar-se a fazerem contas sem desperdícios e a não truncarem o desenvolvimento de um povo. Muitos são os que o fazem nas várias áreas da vida. Um país que poucos recursos naturais tem, (e nada se pode explorar…) um país que necessita de água armazenada em todo o território, mas logo vem uma afirmação de génio sobre o possuirmos alguns insectos com algumas asas “cromadas” e que com a acumulação de água, vamos criar alterações “profundíssimas” no ambiente…

Bom, ou tomamos uma atitude séria sobre todas as decisões destes “especialistas” e continuamos a tarefa de moldar para melhor tudo que se herdou, acrescentando património de qualidade para os vindouros ou estamos à beira do colapso como povo. Já somos refém de outras ideias/culturas, que se estão a sobrepor às nossas ideias ancestrais e democracia criada a muito custo, com vidas, territórios, riquezas… e nunca tirámos nada de ninguém… tal como somos povo neste rincão.

            Ora o preço a pagar por todas as corrupções, desmandos, incompetências, que se deparam no nosso caminho, é pago pelo povo que a cada “mudança de rumo sem nexo”, vai ter que andar anos para conseguir normalizar o que já devia estar a ser mudado!

            Dizia, assim, ao sabor de “líricos, sem lírica” a escola leva a que o aluno não se interesse. Já sabemos o porquê.  Conseguimos absorver, sempre, quando chegam, no inicio do mandato no ministério da educação, as teorias, mas o que se vê, sempre, é o de pretenderem “ajeitar” o seu percurso social e político e nós nunca vemos que a história de querermos alguém que seja o “competente”, dizemos sempre: este é que sabe disto e vai mudar tudo para melhor, este tem currículo e… sempre o mesmo fracasso porque o Ministério da Educação nunca pode ser um ministro a pensar, sim numa vasta equipa de competentes a trabalhar sobre o ensino.

 Vamos continuar a dar voz à nossa indignação, de forma ordenada e com objectivos. O de querermos a evolução onde todos caibam. A escola é a base de todo o nosso processo de modificação. É para ela que devemos dar a atenção primeira. Comecemos então. Voz às associações profissionais do ensino, alterações curriculares, criação de serviços administrativos para secretariarem o professor, exigência científica, pedagógica e didáctica aos professores e por fim e só, alterações salariais se o país comportar. Para já será o que o país poderá dar… se não quisermos e saltarmos para a rua, então mudemos de profissão, talvez bombeiro sapador.

Que nenhum funcionário público sinta, ao fim de cada dia de serviço, só porque cumpriu as tarefas rotineiras, ter a ideia do dever cumprido!

 

 

Victor Martins

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

 

Ser povo... Português



    Já nos referimos anteriormente ao que é ser povo. Ao ouvir tantos candidatos a “imediatos” do nosso navio, faço uma pequena reflexão. Não é bem o caso de se ser analisado como cidadão deste rincão em profundidade, diremos que, embora não parecendo, que se é natural por nascimento e convicção. Simples… Mas numa análise directa sobre essa filiação e convicção, teríamos o caos definitivo e ficávamos em pânico. O que nos está a aproximar então, desse caos absoluto? São as taxas que se pagam para nos manter e continuarmos a ser povo. Portugueses...

    O nosso Camões escreveria em verso, que os marinheiros não conseguiam marear, pensar, enquanto o corpo que dava para a marinhagem, não estivesse farto, ou minimamente satisfeito, só depois disso viria o tempo de escutar a razão e então criar um rumo.

    Neste momento da vida da nação, toda esta marinhagem, necessita de uma viragem ascendente e não a curva descendente que se apresenta a toda a maruja. Tantos e tantos motins aconteceram e vão acontecer, por falta de “mantimentos vários”, que satisfaçam os marinheiros neste viajar, agora e ainda, sem rumo certo e como sempre o fizemos, ao sabor da ondulação mas, afirmo, orgulhosos de um pavilhão que sempre nos levou ao nada e continua nesse propósito. “Abençoados imediatos” que nos guiam serena e ambliopamente em direcção ao vazio.

    Não é ser partidário do “velho do Restelo”, não é ser-se profeta da desgraça, é constatar a realidade.

    Se quisermos, (ainda este nosso querer…) podemos virar esta situação. Podemos concretizar um país definitivamente, mas, deixemo-nos de “teorias”, temos que partir de e para o concreto. Temos que arrancar para a nova etapa que devemos pretender, a partir do inventário real, constituinte de um povo. Não podemos continuar a ter nas páginas desse inventário o possuir-se “força para vencer os inimigos”, quando não existem, não pode constar que temos que ir contra moinhos de vento, porque não existem, não podemos referir que temos outras terras para cuidar, quando nada mais temos por aí. Não pode constar no inventário que somos o que não somos e se alguma vez o fomos, bom, é melhor que nem isso conste para não darmos trabalho aos psiquiatras.

    O que consta na base do nosso inventário é um país que continua separado. Separado fisicamente de parcelas que são suas e separado das realidades das parcelas que nos estão sempre afastadas. O que consta no inventário de base é que somos um povo de poetas, fadistas e futebolistas, e todos dos bons. Enfim, somos povo para aí virados. Não somos povo para domar o trator, a pedreira, a traineira, o gado, os inventos, o que for possível criar de útil porque logo a seguir vendemos tudo porque depois é uma chatice ter que trabalhar mais, mais e mais. Consta nesse inventário que entregamos o que quer que seja do que temos de bom por uma boa noite de doce encantamento, um bom carro, uma boa vivenda e que nos faça lembrar durante anos o sucedido, depois, de nada mais se ter e ser... estamos uns “sem abrigo”...

    Consta nesse tal inventário que trabalhamos, mas se lermos bem nas entrelinhas constará que, se formos bem dirigidos para isso, trabalhamos. Quando constará que sabemos dirigir, porque sabemos trabalhar e sobretudo, em exclusivo, no que é nosso?

    Teremos que partir de uma série de “coisas nossas” que não podemos perder, têm mesmo que fazer parte do inventário, mas temos que atirar definitivamente fora o que fomos, do que nos orgulhamos, mas que não nos dá mais nada e serve só para ficarmos com ar de idiotas. Pode colocar-se isso num livro de memórias, nunca num inventário!

    Urge fazer o inventário e começar a trabalhar, mesmo, mas todos para o mesmo lado para cumprirmos Portugal.

    Se o não fizermos, através de alguém que marque o rumo, teremos que ser nós a determinar quem queremos para nos ajudar a levar o país à situação de o ser. Independente, útil, capaz de perpetuar desígnios, enfim, referências do ADN que pretendemos desde sempre, quem pensa Portugal, transmitir à geração que nos irá permitir a alegria de os ver crescer e realizar-se.

    Que quando as coisas se vão compondo lentamente, não nos precipitemos a dizer mal e a remar ao contrário dos que querem fazer algo por todos… não queiramos, permanentemente, criar sobre o bem a acontecer, “terra queimada”… como é nossa aptidão.

    Acabemos com os “atiradores-emboscados” e rumemos ao Portugal que queremos. Meu caro amigo, pense, mas pense, neste momento da nossa vida! Faça o seu inventário em prol de todos nós! Ajude! Seja um português responsável de uma vez por todas!



Victor Martins



  CASTIGO NO PS?     Se se fizer uma análise alargada sobre o que se entende ser o nosso povo do Alentejo, assim como das Beiras, por ...